Os médicos de Valparaíso de Goiás iniciaram um movimento de greve nesta segunda-feira (13) às 19horas, conforme o indicativo do movimento, para reivindicar o pagamento de salários deixados atrasados pelo ex-prefeito da cidade, Pábio Mossoró (MDB) e por condições mínimas de trabalho.

Somente pacientes classificados na categoria Laranja (precisando de atendimento rápido, em risco moderado a definir), ou vermelha (precisando de atendimento imediato, com risco eminente de morte), estavam sendo atendidos nas unidades de emergência da cidade, o que gerou um tumulto entre os usuários que não tinham conhecimento dessa prioridade e estavam entre os que não seriam atendidos, precisando que a polícia fosse chamada no CAIS (Centro de Atendimento Integrado de Saúde), por exemplo.
"Os médicos são culpados por estarem 100% de greve, agora a prefeitura, que é uma saf*d*, que tinha que prestar isso", disse uma usuária que não foi atendida no CAIS.
A atual gestão à frente da secretaria municipal de saúde chegou a anunciar o pagamento dos salários atrasados dos servidores da pasta, más o rombo deixado pelo ex-prefeito, segundo os trabalhadores, seria ainda maior do que o alcançado.
"O valor pago hoje cobriu o nosso salário de dezembro e o que faltava do 13º para alguns, ainda não resolve os dois meses de auxílio alimentação e nem a diferença do nosso piso que é verba federal. Já os médicos, o que a gente sabe até agora é que eles não receberam não, pelo menos não receberam tudo não", comentou uma enfermeira.
De acordo com a categoria, os médicos da cidade vinham trabalhando com até três meses de salários atrasados, enfermeiros e técnicos de enfermagem, antes contratados diretamente pela prefeitura e agora terceirizados por Pábio Mossoró em uma “contratação a jato” da multiprocessada e investigada pela Polícia Federal por fraude em licitações, Associação Saúde em Movimento, estariam com os salários desrespeitando o piso da categoria desde agosto, auxílio alimentação atrasados a dois e sem o pagamento de parte do 13º.
Mas para além dos salários, os médicos também reivindicam melhores condições de trabalho, como abastecimento das unidades com insumos básicos, de acordo com eles, negligenciados pelo governo Pábio Mossoró.
Nesta segunda-feira, por volta de 11 horas, enfermeiros informaram, por exemplo, que o laboratório do CAIS teria parado de fazer hemogramas e que estaria faltando até Tropanima para identifica a ocorrência de infarto não detectado nos eletrocardiogramas.
"Agora as unidades estão sem HEMOGRAMA, sem TROPONINA, pode ir conferir. Chega com um senhor enfartando lá, não vai ter nada" disse uma enfermeira ao Jornal via mensagem.
"Laboratório não tem material no CAIS", completou ela.

Assédio moral:
Os trabalhadores da saúde pública valparaisense ainda denunciam ameaças durante o governo Mossoró, contra qualquer um que ousasse reclamar pelos seus direitos, ou por condições de atendimento aos pacientes.
"Não me expõe pfff (por favor), fora o que estão fazendo com o piso da enfermagem. Não está sendo repassado (aos trabalhadores). É verba federal. 130 já denunciaram, mas não podem se pronunciar, têm assédio moral, mas não tem recurso aqui para eles trabalharem", comentou a enfermeira.

Na nota oficial divulgada no site da prefeitura, a secretaria de saúde informou ter "estabelecido um cronograma um cronograma de pagamentos para garantir que situações como essa não voltem a ocorrer", porém a informação de momento é que a greve dos médicos deve continuar, até que seus salários atrasados estejam em dia.