Os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), de Minas Gerais, Romeo Zema (Novo), de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PP), do Distrito Federal, Celina Leão, e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) se reuniram nesta quinta-feira (30) com o mandatário do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL) para discutir medidas de segurança pública.

O encontro realizado no Palácio Guanabara, sede do governo do Rio de Janeiro, ocorre dois dias após a operação policial contra o Comando Vermelho (CV), nos complexos da Penha e do Alemão, considerada a mais letal da história do estado, com 132 mortos, de acordo com a Defensoria Pública, e 121, conforme o governo carioca, sendo quatro policiais.
Após a reunião, Caiado, Castro e aliados concederam entrevista coletiva à imprensa para anunciar a criação de um consórcio da paz: um consórcio entre os estados para combater a violência de forma coletiva.
"Faremos um consórcio no modelo de outros que já existem para que nós possamos dividir experiências e soluções do combate ao crime organizado e da libertação do nosso povo. Vamos discutir estratégias e eu propus que a sede desse consórcio seja no Rio de Janeiro", disse Castro.
Ainda segundo ele, é a oportunidade de mudar a segurança pública do país. "Mudar com integração e diálogo, mas sobretudo com coragem e efetividade", completou.
Elogios à megaoperação contra o Comando Vermelho e críticas ao governo federal dominaram as falas dos governadores, na coletiva de imprensa, após a reunião e Caiado negou que o grupo esteja fazendo uso político do caso e disse que o primeiro ponto foi de solidariedade ao Rio de Janeiro.
“Temos que desnudar a tese de que isso aqui tem alguma motivação do ponto de vista político-eleitoral. O que todas as pesquisas no Brasil mostram é que 60% da queixa da população é a violência e, ao mesmo tempo, a corrupção. São os dois pontos que caminham juntos”, declarou.
“Então, estamos aqui movidos pelo sentimento da população. É isso que o povo pede de nós”, completou goiano, que denunciou a inércia do Governo Federal diante do problema e lamentou a forma como essa omissão tem afetado a vida da população brasileira.
“[O que o Comando Vermelho tem feito] não é crime comum, é terrorismo”, frisou.
Críticas a Lula
Ao responder perguntas dos jornalistas, Caiado disse que, ao invés de oferecer suporte no combate ao crime, a União tem tentado reduzir a autonomia dos Estados a partir da PEC da Segurança, com a proposta de concentrar ainda mais o poder em Brasília.
Já Romeu Zema (Novo) disse que a operação do Rio de Janeiro foi bem planejada e bem sucedida, que o Brasil é "campeão mundial dos homicídios" e "campeão mundial das pessoas inocentes assassinadas" para continuar criticando o Governo Federal.
"Temos um presidente que vai lá fora tentar negociar paz em guerra da Ucrânia e deixa aqui 44 mil brasileiros morrendo por ano", criticou, se referindo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O Consórcio
Segundo o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, há a possibilidade do consórcio integrar os estados com todos os meios: "Contingente, inteligência, o que tiver que ser feito", afirmou.
"A tese do consórcio é exatamente fazer com que todas as nossas forças integradas com base na inteligência e a parte operacional, possam ser utilizadas para poder atender qualquer um dos governadores num momento emergencial, sem ter que perguntar (...) Com deslocamento é imediato. Então, isso dá uma agilidade" , acrescentou Ronaldo Caiado, governador de Goiás.
PEC da Segurança Pública
Questionado sobre a diferença do “consórcio da paz” com a PEC da Segurança Pública, Caiado criticou a proposta do governo federal.
"Único objetivo que o governo federal quis foi um só: tirar dos governadores as diretrizes gerais da segurança pública. É uma determinação que a Constituição de 1988 nos deu. Ele quer transferir aquilo para a diretriz geral ser do Ministério da Justiça. Não temos dificuldade na integração, temos dificuldade pela ausência do governo", disse.
Aposta do governo federal para enfrentar o problema da segurança pública, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 18 de 2025, a PEC da Segurança Pública, vem sofrendo resistências no parlamento e por parte de governadores, em especial, contra dispositivo que atribui à União a elaboração do plano nacional de segurança pública que deverá ser observado pelos estados e Distrito Federal.
Enquanto Castro estava reunido com governadores aliados, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) anunciou que vai enviar peritos criminais ao Rio de Janeiro para apoiar o estado em meio à crise na segurança pública.








