Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSB) foram diplomados presidente e vice-presidente, respectivamente, nesta segunda-feira (12), no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília.

A cerimônia reconhece a vitória do petista no segundo turno das Eleições 2022, que alcançou 50,90% dos votos válidos, contra 49,10% de Jair Bolsonaro (PL). O documento é o que habilita os candidatos eleitos a tomarem posse em 1º de janeiro.
O evento foi conduzido pelo presidente da Corte, Alexandre de Moraes, que foi aplaudido de pé no tribunal. Lula também celebrado e ouviu gritos de ‘olê, olê, olê, olá… Lula, Lula’ ao se emocionar durante o seu discurso.
Em seu pronunciamento, o petista exaltou diversas vezes a democracia e não conteve as lágrimas ao relembrar a época em que ficou preso em Curitiba, bem como as críticas que recebeu em seu primeiro mandato por não ter ensino superior. Lula também fez menção a Deus, defendeu a harmonia entre os Poderes e citou o que chamou de ‘legado perverso’ de Bolsonaro.
"Esse não é o diploma de Lula presidente, é o diploma de parcela significativa do povo que reconquistou o direito de viver em democracia nesse País. Vocês ganharam esse diploma"
, iniciou Lula.

Ao mencionar o diploma, Lula se emocionou, chorou e seguiu o discurso com a voz embargada, sendo muito aplaudido pelos presentes. "Na primeira vez da diplomação, eu lembrei da ousadia do povo em conceder para alguém, tantas vezes questionado por não ter diploma universitário, o diploma de presidente",
afirmou.
"Peço desculpas pela emoção. Quem passou o que eu passei nesses últimos anos e está aqui agora é a certeza de que Deus existe"
, acrescentou. "Eu sei o quanto custou não apenas a mim, mas o quanto custou ao povo brasileiro essa espera para que pudesse reconquistar a democracia nesse País"
, completou.
"Quero dizer que, muito mais que a cerimônia de diplomação de um presidente, essa é a celebração da verdadeira democracia. Poucas vezes na história recente desse país a democracia esteve tão ameaçada. Poucas vezes na nossa história a vontade popular foi tão colocada à prova e teve que vencer todos os obstáculos para, enfim, ser ouvida"
, seguiu Lula.
"A democracia não nasce por geração espontânea, ela precisa ser semeada, cultivada, cuidada com muito carinho por cada um e a cada dia, para que a colheita seja generosa para todos. Mas além de semeada, cultivada e cuidada com muito carinho, a democracia precisa ser, todos os dias, defendida daqueles que tentam, a qualquer custo, sujeita-la a seus interesses financeiros e ambições de poder"
.
O presidente diplomado afirmou que não faltou quem defendesse a democracia no Brasil e elogiou a atuação do TSE e do Supremo Tribunal Federal (STF) em meio a uma ‘indústria de mentiras e calúnias‘ que, segundo ele, tentaram ‘sufocar a voz do povo e a democracia‘.
"Os inimigos da democracia lançaram duvidas sobre as urnas eletrônicas, cuja confiabilidade é reconhecida há muito tempo em todo o mundo. Ameaçaram as instituições, criaram obstáculos de ultima hora, para que eleitores fossem impedidos de chegar em seus locais de votação. Tentaram comprar o voto dos eleitores com falsas promessas e dinheiro farto, desviado do orçamento público. Intimidaram os mais vulneráveis com ameaças de suspenção de benefícios e os trabalhadores com risco de demissão caso contrariasse os interesses de seus empregadores"
, citou o petista, que destacou a ‘firmeza‘ dos ministros na defesa da democracia e na lisura do processo eleitoral.
"Além da sabedoria do povo brasileiro, que escolheu o amor ao invés de ódio, a verdade ao invés da mentira e a democracia em vez do arbítrio, quero destacar a coragem do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral, que enfrentaram todas ofensas, ameaças e agressões para fazer a soberania do voto popular (...) A história há de reconhecer sua coerência e a fidelidade á Constituição"
, completou ele, que também dedicou parte do seu discurso para defender a harmonia entre os Poderes como "eficiente sistema de pesos e contrapesos que iniba qualquer aventura eleitoral ou autoritária"
.
No discurso, Lula também mencionou a coligação de 12 partidos que apoiaram sua candidatura no primeiro turno, e as demais que se juntaram a ele no segundo turno. O presidente diplomado chamou o grupo de “frente ampla contra o autoritarismo“.
"Nessa semana, em que o gabinete de transição vem discortinando a realidade atual do País, tomamos conhecimento do deliberado processo de desmonte das políticas públicas e dos instrumentos de desenvolvimento levados à cabo por um governo de destruição nacional (...)"
, afirmou Lula, que destacou o compromisso em "fazer o Brasil um país mais desenvolvido e mais justo"
.
"A democracia só tem sentido e será defendida pelo povo na medida em que promover, de fato, a qualidade de direitos e oportunidades para todos e todas, independentemente da classe social, ou crença religiosa ou orientação sexual. É com o compromisso de construir um verdadeiro estado democrático, garantir a normalidade institucional e lutar contra todas as formas de injustiças que recebo, pela terceira vez, o diploma de presidente eleito do Brasil em nome da liberdade, da dignidade e da felicidade do povo brasileiro. Muito obrigado"
, concluiu ele, sob aplausos.