O mórbido número de 500 mil brasileiros mortos pelo covid-19 alcançado no sábado (19) e os protestos contra o presidente Jair Bolsonaro ocuparam as pauta dos principais veículos de comunicação do Brasil e do mundo.
A cobertura da imprensa internacional sobre os 500 mil mortos no Brasil e as marchas afirma que há uma indignação crescente dos brasileiros contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) apontado pelos manifestantes como culpado pela elevada mortandade causada pela pandemia.
Milhares de pessoas foram às de várias cidades brasileiras, correndo riscos, mas protestando contra a “negligência” do Governo federal no trato da pandemia.
Para os periódicos estrangeiros, a dramática situação vivida no Brasil ainda pode se agravar devido o descontrole da pandemia e uma consequente terceira onda, emendada com a segunda, que tem tudo para aumentar ainda mais o número de vítimas da doença.
Na Espanha o El País pautou o Brasil no sábado (19) destacando como os “meio milhão de mortos” por covid-19 compõem o segundo maior número do mundo:
“A perda de meio milhão de vidas no Brasil ocorre em um momento em que o governo de Jair Bolsonaro é pressionado por uma investigação do Senado sobre a condução da pandemia“, citou o El País, que completou:
“Os depoimentos coletados na investigação do Senado também mostram que por negligência o governo parou de negociar e comprar vacinas em 2020, quando o Bolsonaro ignorou dezenas de e-mails da farmacêutica Pfizer oferecendo seu produto.“
No americano The Washington Post, uma reportagem da Associated Press mostra como manifestantes foram às ruas em diversas cidades do Brasil no dia em que o Brasil chegou a 500 mil mortes por covid-19 – “uma tragédia que muitos críticos atribuem à tentativa do presidente Jair Bolsonaro de minimizar a doença“.
Nas principais cidades do país, diz o argentino Clarín, “milhares de pessoas voltaram a sair às ruas para protestar contra Bolsonaro, a quem chamam de ‘genocida’ por sua política sanitária“:
O jornal britânico, The Independent, trouxe o título “Brasil ultrapassa marco sombrio de 500 mil mortes por covid-19 em meio a protestos contra a resposta de Bolsonaro“, com uma imagem de protesto contra o presidente:
“Críticos dizem que a rejeição de Bolsonaro às restrições à covid-19, como medidas de distanciamento social e uso de máscaras, e sua promoção de tratamentos refutados, como a hidroxicloroquina, são em parte responsáveis pelo enorme número de mortes no país e pela lenta campanha de vacinação“, diz a reportagem do Independent.
O The Guardian, outro jornal britânico, registrou em reportagem que os protestos contra Bolsonaro têm ganhado “impulso” em meio a uma curva crescente de casos de covid-19 no país:
A BBC destacou como o Brasil alcançou 500 mil mortes em meio a uma situação “crítica”, com uma crise que pode piorar pela vacinação lenta e o início do inverno:
Em Israel, a informação de que o Brasil se tornou o segundo país do mundo a superar 500 mil mortos por covid-19, atrás apenas dos Estados Unidos, também foi destaque no jornal The Times of Israel:
Até a Al Jazeera, sediada em Doha, no Catar, indicou que especialistas dizem que o número de mortes por covid-19 no Brasil deve crescer ainda mais. Também registrou as críticas que o governo Bolsonaro enfrenta por ter “perdido oportunidades de comprar vacinas“.
“Manifestantes em todo o país criticaram o governo pelo alto número de mortos e pediram a saída do presidente“, diz a reportagem.
Mesmo diante da repercussão mundial, o presidente Bolsonaro se limitou a uma única postagem em suas redes sociais, ironizando as manifestações. Já a marca de 500 mil mortes foi completamente ignorada pelo chefe do executivo nacional: