A ABI (Associação Brasileira de Imprensa) e o Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal repudiaram o ataque feito pelo deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil-BA) à colunista do UOL Natália Portinari

O Deputado se recusou a revelar o valor do aluguel de um imóvel de luxo em Trancoso, praia de Porto Seguro (BA), de um empresário denunciado por corrupção. "Você olhou no meu Imposto de Renda que eu tenho uma empresa, que eu tenho duas empresas? Você sabe quanto é que a minha empresa me dá? Vá procurar o que fazer, minha filha. Tá apaixonada por mim, é? Vai tomar no c*, pô", respondeu Elmar ao ser questionado.
A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) repudiou a hostilidade. A entidade classificou a atitude do deputado como “ofensiva” e “misógina”.
"A Abraji repudia a atitude do deputado e espera que esse tipo de postura deixe de ser adotada por parlamentares, que devem compreender que o seu mandato e decoro devem se estender a profissionais da imprensa que estão exercendo o seu trabalho e realizando o escrutínio público em benefício da sociedade."
A ABI afirmou que Natália apenas exercia “sua função profissional” enquanto questionava o deputado. "O nobre deputado, de forma prepotente, passou a proferir uma sequência de palavras de baixo calão em atitude ameaçadora e com ofensivo ranço de viés sexista."
Visto como um “episódio constrangedor, lamentável e vergonhoso”, a associação se solidarizou com a jornalista. "Em nome das jornalistas e dos jornalistas brasileiros a ABI manifesta total solidariedade a Natália Portinari. E repudia veementemente atos como esse, opostos à democracia e à liberdade de expressão."
"Em nome dos jornalistas, a ABI espera que o Congresso Nacional, por meio dos presidentes recém-eleitos das duas casas legislativas e seus pares, encontre os mecanismos previstos em seu regimento interno para coibir as cenas lamentáveis de hoje e exigir reparação pública do deputado Elmar Nascimento", completou a Associação Brasileira de Imprensa, em nota.
O Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal criticou Elmar por ele não ter aproveitado a chance de se explicar: "Em vez de aproveitar a salutar oportunidade de prestar contas à sociedade, defendendo-se de suspeitas da polícia, o parlamentar passou a agredir verbalmente a jornalista. Foram proferidos palavrões, foram feitos questionamentos sobre suposto caráter da jornalista e houve ao menos uma referência sexista à profissional".
"O deputado ainda fez ameaças de processo judicial sem que sequer apontasse qualquer informação supostamente incorreta publicada pela jornalista", continuou.
A entidade ainda afirmou que o parlamentar tem que pedir desculpara à profissional "Este sindicato ainda exige um pedido de desculpas do parlamentar Elmar Nascimento. O objetivo é que o episódio seja reparado o mais rapidamente possível e para que ele nunca mais se repita."
"Se o parlamentar tem queixas contra o andamento das investigações, deve fazê-las à Polícia Federal, à Procuradoria Geral da República (PGR) e ao STF. Se o parlamentar não quer prestar esclarecimentos à sociedade por meio da imprensa - o que é lamentável perante a cidadania, mas possível no Estado Democrático de Direito - pode simplesmente declinar de conceder a entrevista naquele momento. Se o parlamentar eventualmente identificar algum erro de informação em alguma reportagem, deve procurar o veículo de comunicação, exigir a correção do texto e, caso julgue necessário, acionar a Justiça", finalizou.