Hugo Motta esteve ao lado de ministros e autoridades no evento, mas saiu discretamente por rota alternativa após prometer entrevista coletiva

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), optou pelo silêncio ao encerrar sua participação na abertura do 13º Fórum Jurídico de Lisboa, nesta terça-feira (2). Embora tenha participado da mesa inaugural do evento ao lado de ministros do Supremo Tribunal Federal e outras autoridades brasileiras, Motta optou por sair pelos fundos da Reitoria da Universidade de Lisboa, evitando jornalistas que o aguardavam para uma entrevista previamente anunciada por sua assessoria.
Segundo profissionais da imprensa presentes, a equipe do deputado havia confirmado uma coletiva em espaço reservado para cobertura jornalística, com estrutura montada especificamente para isso. O aviso mobilizou dezenas de repórteres e cinegrafistas, mas a espera foi frustrada com a saída de Motta sem qualquer declaração.
A atitude reforçou a percepção de desconforto do parlamentar diante do atual ambiente político. Supostamente em retaliação à lentidão do Governo Federal em pagar as emendas parlamentares já indicadas, o parlamentar pautou e propiciou a derrubada do decreto presidencial que aumentava as alíquotas do IOF, teoricamente pegando o Planalto de surpresa.
De maneira incomum a narrativa do Governo de justiça tributária superou a da oposição e o nome de Hugo Mota passou dois dias entre os 7 Tred Tops das redes sociais como o “inimigo do povo”, ficando em primeiro e terceiro lugar nas citações na rede em território brasileiro e em 7º na plataforma X, antigo Twitter, na contagem geral, de acordo com a CNN.
A enxurrada de ataques aos parlamentares, por privilegiarem os interesses de empresários ricos contra os direitos dos pobres e da classe média, tem batido recordes nas plataformas digitais, com uma quantidade imensa de vídeos feitos com Inteligência Artificial.
A viagem de Motta a Lisboa também gerou questionamentos. O deputado chegou à capital portuguesa em aeronave da Força Aérea Brasileira, sob autorização baseada em decreto da era Bolsonaro. A escolha por um voo da FAB, segundo interlocutores, foi motivada pela intenção de evitar contato com passageiros e possíveis cobranças sobre sua atuação legislativa, que aumentaria a reverberação negativa.
Em Lisboa, o presidente da Câmara só concedeu entrevista ao podcast da associação de empresários denominada Esfera Brasil.