Em destaque na sua página de internet, o Washington Post repercute o ‘comportamento criticável’ do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que, segundo a publicação, vai ‘desafiar’ protocolos da ONU e ‘zombar’ das regras sanitárias vigentes em Nova York contra a disseminação da covid-19.
“Jair Bolsonaro, desafiadoramente não vacinado, testará o cobiçado ‘sistema de honra’ da Assembleia Geral da ONU“, diz a tradução livre do título do periódico norte-americano.
Em entrevista, o porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric de la Rivièresuma, disse que, “ao passar um crachá para entrar no Salão [da Assembleia Geral], os delegados (líderes) atestam que estão totalmente vacinados, que não testaram positivo para covid-19 nos últimos 10 dias e [estão] sem sintomas“, o que não vai ser respeitado pelo presidente Bolsonaro.
A matéria destacou que o brasileiro já antecipou, em declarações, que vai ignorar os protocolos:
“Todos que contraíram esse vírus são vacinados, mesmo de uma forma mais eficaz do que a própria vacina. Portanto, não discuta”, frisou a publicação como sendo uma fala de Bolsonaro.
O comportamento do presidente brasileiro também causa constrangimento diplomático com o governo novaiorquino, pois, desde meados de agosto, todos os residentes da “Big Apple”, com mais de 12 anos, são obrigados por lei a provar que receberam pelo menos a primeira dose de uma vacina contra a Covid-19 para participar de eventos em ambientes fechados.
Bill de Blasio, prefeito de Nova York, chegou a comunicar ao secretário-geral da ONU, António Guterres, que a exigência de vacinação é extensiva à Assembleia Geral, e as Nações Unidas, embora inicialmente relutantes, concordaram em se alinhar com a política local, mas apenas dentro do possível, por não haver mecanismos na entidade para isso.
Como consequência desse tipo de comportamento, ao estilo de Bolsonaro, o New York Times publicou em sua página 10 que os movimentos de centro-esquerda estão voltando ao cenário mundial.
“Esse realinhamento está assumindo pelo menos uma forma clara (…) A onda populista de direita, outrora formidável, está estagnada e pode até estar revertendo“, diz parte do texto que ainda cita a Polônia e a Hungria como exemplo.
“Os populistas que se entregaram aos sentimentos antilockdown e antivacinas foram os que mais sofreram nas pesquisas, como Trump nos EUA e Bolsonaro no Brasil“, trás um parágrafo da publicação.