A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta terça-feira (9), manter suspensos os repasses do orçamento secreto, esquema de sustentação do governo Jair Bolsonaro no Congresso por meio da troca de votos por emendas, revelado pelo Estadão.
Com placar parcial de 6 votos a 1, a Corte manteve a decisão em caráter liminar expedida na sexta-feira (5), pela ministra Rosa Weber. O julgamento abre uma nova crise entre o Supremo, o governo e o Congresso.
Uma série de reportagens do Estadão, veiculadas desde maio recente, vêm mostrando como os recursos da União têm sido distribuídos por meio das emendas de relator-geral do Orçamento, tecnicamente chamadas RP-9, sem critérios e transparência, a um grupo de parlamentares, principalmente às vésperas de votações de interesse do Palácio do Planalto.
O que começou a ser chamado de “Bolsolão”, por sua similaridade com o “Mensalão do PT”, trata-se da nova fisionomia da política do “toma lá, dá cá”, usada pelo governo Bolsonaro para “comprar” apoio no Congresso.
A falta de transparência do dispositivo foi a brecha encontrada pelo Palácio do Planalto para utilizá-lo na compra de votos. Os valores destinados a esta modalidade neste ano somam R$ 18,5 bilhões.
O julgamento foi marcado por pressões de parlamentares beneficiados pelo esquema. Arthur Lira (Progressistas), presidente da Câmara e tido como principal operador da distribuição de emendas de relator, chegou a ir ao Supremo na segunda-feira (8) para conversar com o presidente da Corte, Luiz Fux, na tentativa de derrubar a liminar da ministra Rosa Weber.
Na decisão ratificada pelo plenário, Weber determinou a suspensão integral e imediata da distribuição de emendas de relator até o final de 2021, ao menos.