Batalhões de voluntários estão sendo formados em toda a Rússia para ir a guerra na Ucrânia, juntando-se à proclamada “operação militar especial” deflagrada pelo presidente Vladimir Putin em fevereiro.
Foto: Reprodução (Alexander Ermochenko/Reuters)
O chamamento aos russos foi feito com apelo, tanto pelo patriotismo, quanto por vantagens financeiras, dispensando até alguma experiência militar relevante. O recado foi espalhado de Murmansk, no Círculo Polar Ártico, à Perm, nos Urais, e Primorsky Krai, no Extremo Oriente russo.
As qualificações exigidas para ingressar aos voluntários variam de lugar para lugar. Um folheto online em Kazan, no Tartaristão, disse: “Convidamos homens com menos de 49 anos que serviram anteriormente nas forças armadas e oferecemos um contrato de 4 meses em sua especialização militar.”
Em outros lugares, homens até a idade de 60 anos, apenas sem antecedentes criminais são elegíveis. Muitas vezes não há exigência de experiência militar nenhuma.
Ao todo, os analistas avaliam que mais de 30.000 voluntários podem ser mobilizados para complementar as fileiras russas esgotadas por cinco meses de combate, entre um quarto e um terço da força mobilizada para conquistar a região leste de Donbas, para onde a maioria dos voluntários provavelmente será enviada.
Na semana passada, Richard Moore, chefe do MI6, serviço secreto de inteligência do Reino Unido, disse a Jim Sciutto, da CNN, que “os russos terão cada vez mais dificuldade em fornecer mão de obra e material nas próximas semanas”.
Putin há muito resiste à ideia de uma mobilização geral na Rússia, e a convocação desta primavera foi semelhante à de 2021. Esses batalhões são uma maneira de aumentar o efetivo militar da Rússia sem uma medida tão drástica. Eles também parecem estar focados em regiões mais pobres e isoladas, usando a atração do dinheiro rápido.
O impacto que esses batalhões podem ter é uma questão em aberto. Unidades de voluntários chechenos desempenharam um papel descomunal na campanha de Donbas, especialmente em Mariupol. Mas eles estão relativamente bem equipados e têm uma vasta experiência militar. Os batalhões reunidos em outros lugares claramente não têm essas mesmas qualificações e resultados.
Kateryna Stepanenko, pesquisadora russa do Instituto para o Estudo da Guerra em Washington, diz: “Alguns batalhões participarão exclusivamente de apoio ao combate e operações de apoio ao combate (como batalhões de logística ou de sinalização), enquanto outros reforçarão unidades militares pré-existentes ou formar batalhões de combate.”
Mas ela acrescenta: “É improvável que o treinamento de curto prazo transforme voluntários sem experiência prévia em soldados eficazes em qualquer unidade”.
Fonte: CNN Brasil – Tim Lister / Josh Pennington
