Em um dos depoimentos mais confusos e explicitamente contraditório na CPI da pandemia, o reverendo Amilton Gomes não explicou como conseguiu o que nenhum grande laboratório conseguiu com o Ministério da Saúde, negociar vacinas contra a Covid-19 com imensa facilidade e rapidez.
Fundador da entidade privada com nome de órgão de governo, a Senah (Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários), o reverendo Amilton intermediou a aproximação da Davati Medical Supply e o Ministério da Saúde para a controversa negociação de 400 mil doses da vacina AstraZeneca contra a Covid-19, que até o momento ninguém provou que existia.
Nessas negociações apareceu o suposto pedido de propina feito pelo diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, de um Dólar por dose. Coincidentemente, ou não, o próprio reverendo Amilton mandou uma proposta para o Ministério da Saúde com o valor de US$ 11, por dose, substituindo o preço exposto pela própria empresa americana de US$ 10.
Por mais de 20 vezes, ao ser questionado, o reverendo disse não se lembrar de reuniões, mensagens e fotos registradas há poucos meses, no primeiro semestre deste ano, permitindo os senadores classificarem o depoimento de “conversa fiada”, e afirmarem que ele mentiu à CPI, chegando a chamá-lo de “estelionatário”.
O reverendo teve, no mínimo, três reuniões no Ministério da Saúde, determinando ele próprio os horários, esteve com membros do alto escalão do Governo Bolsonaro e recebeu o aval do então diretor de Imunização do Ministério da Saúde, Laurício Monteiro Cruz, para negociar a vacina AstraZeneca em nome do governo com a empresa americana Davati.