O presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou nesta segunda-feira (21) um decreto que reconhece duas áreas separatistas da Ucrânia, Donetsk e Lugansk, como independentes, uma decisão que põe fim ao processo de paz neste conflito.
A formalidade aconteceu na presença dos dois líderes das repúblicas separatistas do leste ucraniano, durante uma transmissão ao vivo na TV. O Kremlin já havia adiantado a decisão ao chanceler alemão, Olaf Scholz, e ao presidente da França, Emmanuel Macron, que convocou seu Conselho de Segurança Nacional. Os dois condenaram a atitude e afirmaram estar “decepcionados”, mas indicaram disposição de continuar os contatos, informou o Kremlin à agência estatal RIA.
Em um discurso à nação, duro e repleto de argumentos históricos, Putin alegou que as terras ancestrais do leste ucraniano são russas, ressaltando que a Ucrânia moderna é uma invenção da União Soviética. "A Ucrânia não é um país vizinho, é parte integrante da nossa história e cultura"
, disse.
Segundo o líder russo, o país vizinho sempre se recusou a reconhecer seus laços históricos com a Rússia e, portanto, não é de admirar esta onda de nazismo e nacionalismo naquele país."É importante entender que a Ucrânia nunca teve uma tradição consistente de ser uma nação de verdade. Começaram a copiar modelos estrangeiros que não faziam parte de sua cultura"
, destacou.
Vladmir Putin explicou que o governo ucraniano não foi capaz de formar um estado sólido desde o fim da União Soviética e, por isso, depende de outros países, como os Estados Unidos. Para Putin, a administração de Volodymyr Zelensky é um regime de fantoche dos americanos que, junto à Otan, transformaram a Ucrânia em um teatro de guerra.
O presidente russo acusou ainda a Ucrânia de planejar criar suas próprias armas nucleares. "Se a Ucrânia tiver armas de destruição em massa, a situação global mudará drasticamente, não podemos ignorar isso"
, alertou.
Por fim, Putin ressaltou que a Ucrânia deve parar as operações militares imediatamente e lembrou que as preocupações de segurança da Rússia foram ignoradas. De acordo com ele, fazendo parte da Otan, a Ucrânia servirá de base de ataques contra a Rússia.