A Polícia Federal enviou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relatório parcial sobre uma milícia digital que, segundo o órgão, atua na estrutura que ficou conhecida como ‘gabinete do ódio‘, formada por aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) e cuja ação ocorreria, inclusive, dentro do Palácio do Planalto, em Brasília.
No relatório, a PF aponta que essa milícia digital atua anonimamente, com alvos específicos, como inimigos políticos e até integrantes das instituições democráticas do País, como ministros do STF e a mídia. O grupo também faz uso de “Fake News” nesses ataques para alcançar “ganhos políticos, ideológicos e financeiros”.
O documento é assinado pela delegada Denisse Ribeiro, que não tem polpado o presidente no âmbito de suas investigações.
“Identifica-se a atuação de uma estrutura que opera especialmente por meio de um autodenominado ‘gabinete do ódio’: um grupo que produz conteúdos e/ou promove postagens em redes sociais atacando pessoas (alvos) – os ‘espantalhos’ escolhidos – previamente eleitas pelos integrantes da organização, difundindo-as por múltiplos canais de comunicação, em atuação similar à já descrita outrora pela Polícia Federal, consistente no amplo emprego de vários canais da rede mundial de computadores, especialmente as redes sociais”, escreveu Denisse.
O relatório traz ainda o modus operandi da milícia, que consistiria em:
- 1-eleger o alvo;
- 2-elaborar o conteúdo para o ataque;
- 3-publicação de ofensas e fake news;
- 4-uso de diversas plataformas para reproduzir esse conteúdo;
- 5-uso de robôs para potencializar o disparo desse conteúdo.
A conclusão enviada na quinta-feira (10) ao STF será analisado por Alexandre de Moraes por ser ele o relator do inquérito sobre milícias digitais na Suprema Corte. A partir de segunda-feira (14) a delegada Denisse Ribeiro se afastará do caso devido a motivos pessoais.