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Pais de alunos das escolas municipais de Valparaíso reclamam ‘um ano e meio sem aula virtual’

Aula virtual, (não realizada na rede municipal de Valparaíso) transmitida a distância e ao vivo pelo aplicativo gratuito Meet, onde alunos interagem com os professores e entre si / Foto: Reprodução de redes sociais

Pais de alunos matriculados em escolas municipais de Valparaíso de Goiás denunciam a absoluta falta de aulas virtuais diante deste o início da pandemia.

Nossas crianças estão completamente sem aula a quase um ano e meio, jogadas. No início da pandemia pensamos que era apenas uma questão de adaptação, mas até hoje, um ano e meio depois, a prefeitura não providenciou nada, a não ser uns exercícios que temos que nos virar em casa sozinhos com as crianças“, disse um morador do Jardim Céu Azul com dois filhos matriculados numa escola municipal.

O homem que pediu anonimato por medo de represália contra as crianças, se referiu ao que a gestão do prefeito Pábio Mossoró (MDB) e da vice, Zeli Fritsche (PDT), chama de “plataforma digital” de ensino, pouco intuitiva, que não passa de uma “nuvem” ao estilo do gratuito Google Drive, com a simples finalidade de hospedar arquivos PDF, por sua vez chamados de “Cadernos de Atividade“, e mais nada.

Na pequena dinâmica oferecida pela prefeitura, alunos ou responsáveis precisam acessar a URL, percorrer um caminho pouco amigável, de no mínimo 4 cliques e alto custo de tráfego de dados, para depois imprimir e depois responder as em casa, sozinhos. Assim foi todo o ano letivo de 2020, após a chegada da pandemia do coronavírus, e está sendo até a atualidade, metade de 2021.

Conforme alguns professores, esse serviço que custou aos cofres públicos cerca de R$ 30 mil mensais, acertados no contrato 600023/2018, já aditivado 3 vezes, é pouco utilizado, pois a maioria prefere ir às escolas para buscar as cartilhas fisicamente.

Segundo a sra. Magda, moradora do Valparaíso II e tia de uma aluna da rede municipal de ensino, sua sobrinha está “ficando para trás das amiguinhas” que estão matriculadas em escolas particulares, “mesmo as bem pobrezinhas“,atingidas diretamente pela queda no faturamento devido a inadimplência causada pela crise econômica:

Lá as escolas particulares não pararam, mesmo as escolinhas mais simplesinhas, bem pobrezinhas, que penam com o atraso das mensalidades. Eles não pararam um único dia de dar aula. Um dia depois da suspensão das aulas presenciais, a filha da minha vizinha já estava em um grupo de WhatsApp da sala, com professores passando e recebendo os deveres“, disse a tia que completou:

Poucos dias depois os professores já estavam dando aula com o Zoom (aplicativo gratuito de teleconferência). Pouco depois eles mudaram para o Meet (outro App de reuniões à distância) que disseram que gasta menos internet. Lá os professores falam com os alunos, explicam as matérias, corrigem exercícios, alunos falam com os professores, tiram dúvidas e tem até bronca pedindo de silêncio, porque tem os engraçadinhos conversando no meio da aula. Quase uma vida normal.

Mesmo tendo executado uma receita recorde na história da cidade, com mais de R$ 426 milhões de recursos apenas em 2020, e o recebimento de quase R$ 30 milhões vindos da União para enfrentamento da pandemia, o governo Pábio E Zeli não estruturou uma única sala de transmissão on-line para os alunos da rede pública de ensino de Valparaíso de Goiás.

Na reunião que fizemos na semana passada o pessoal do governo disse que não deram as aulas virtuais dizendo que tem problema na internet. Conversa mole para boi dormir, como as escolas particulares conseguem? E olha que elas estão quebradas. Como é que eu trabalhei tantos dias de casa com minha internetzinha do tempo do bumba?“, disse o morador o Céu Azul.

Consultada pela reportagem sobre as situações denunciadas pelos pais, a secretária de educação valparaisense, professora Rudilene Nobre, disse que as acusações dos pais “são totalmente inverídicas” e os convidou a irem até as escolas para conferir os dados de acesso aos cadernos de atividade:

Os alunos que não participam é porque a família realmente negligencia esse ato de acompanhamento ou não está residindo em Valparaíso“, disse Rudilene, que não comentou sobre as falta aulas verdadeiramente transmitidas à distância.

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