Durante a sessão de retorno aos trabalhos da Câmara Municipal de Valparaíso de Goiás, realizada na quarta-feira (02),o prefeito Pábio Mossoró tentou se defender das acusações de corrupção nas compras de insumos para prevenção e combate à Covid-19, mas acabou se complicando, caiu numa mentira e chamou a atenção para um dos fatos que o colocam no centro das denúncias.
O prefeito tentou terceirizar a responsabilidade do superfaturamento denunciado pelo Procurador de Contas, Regis Gonçalves Leite, apontando para o ex-diretor de compras da secretaria de saúde, Ricardo Valle, que não faz mais parte do seu grupo político, tendo inclusive se candidatado na chapa adversária nas eleições de 2020.
"Primeiro que nós temos a tranquilidade de prestar todas as informações, segundo, que o nosso amigo Ricardo Valle, que infelizmente hoje não está conosco, o qual, durante que esteve em nossa gestão, eu tive toda a confiança durante o seu mandato como diretor de compras, e aqui eu quero te agradecer (...), e na época o senhor era o diretor e todo o ato ele é responsável pelo gestor que está lá"
, acusou Mossoró.
Ricardo, porém, deixou o cargo mencionado em 12 de março, quase dois meses antes do processo licitatório denunciado pelo procurador.
No lugar de Ricardo Valle, assumiu a servidora de carreira, Vanessa de Morais Braz, responsável pela dispensa de licitação 021/202 que, entre outros, adquiriu frascos de 440 gramas de Álcool Gel à R$ 25,00, supostamente superfaturado em 40%, de acordo com a tabela apresentada pelo procurador de contas.
Conforme juristas, a estratégia de defesa do prefeito teria algum efeito, apenas parcial, se a argumentação fosse verdadeira, porém, além da inverdade, ela trouxe a luz o “ato protelatório” de Mossoró que o mantém no centro das das suspeitas.
Mesmo diante das acusações, que iniciaram por populares a mais de um ano, a servidora Vanessa continuou na função, e o mesmo vem acontecendo em todas as outras denúncias de corrupção do governo Pábio Mossoró e Zeli Fritsche (PDT).
Na sequência da sua fala, o prefeito valparaisense ainda apontou as acusação para a sua ex-secretária de saúde, Alyane Ribeiro, e mais uma vez caiu no “ato protelatório” pois a ela hoje está nomeada como chefe de seu gabinete.
“Então é muito fácil as pessoas querer direcionar as acusações. Eu acho que tanto eu como o Ricardo deveria ter o direito da resposta, até porque a responsabilidade foi do Ricardo e da secretária Alyane, no qual eu tive toda a confiança durante a nossa gestão"
, disse ele.
Como num ato de proteção aos que lhe seriam “caros”, segundo advogados, Pábio Mossoró estaria ignorando o artigo 147 da Lei 8112/90 que trata da medida cautelar de afastamento dos servidores suspeitos de irregularidades, recomendada para garantir o andamento das investigações.
"Esse procrastinação em agir contra os suspeitos de participação nos atos ilícitos vai além da prevaricação, isso torna o prefeito um obstrutor das investigações"
, disse um advogado da cidade que não autorizou a divulgação do seu nome.
Nem a assessoria de comunicação da prefeitura, a secretária de saúde local, Rosângela Palácio, a ex-secretária da pasta Alyane Ribeiro, ou a responsável pelo departamento de compras da saúde, Vanessa de Morais, retornaram ao contato do Jornal.
Já o ex-responsável pelas compras da Secretaria Municipal de Saúde, Ricardo Valle, disse que "o prefeito, foi desastrado quando tentou terceirizar as suspeitas de corrupção que apareceram no governo dele com uma mentira tão frágil"
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