Em uma manobra orquestrada pelo Governador Ronaldo Caiado (DEM) e executada pelos deputados federais de sua base, comandados por José Nelto (Podemos), a MP 862/2018 que criava a Região Metropolitana do Distrito Federal e Entorno caducou definitivamente na última terça-feira (14).
A integração entre os municípios goianos e mineiros, limítrofes com o Distrito Federal, com a própria capital nacional, nunca esteve tão perto de ser concretizada, a contento dos moradores da região.
O processo corria de maneira positiva pela criação da Região Metropolitana, com o apoio unânime dos deputados federais, prefeitos e vereadores das cidades envolvidas e do governo Ibaneis Rocha (MDB), do DF. Não contando apenas com o governador de Goiás, Caiado, que se absteve em quase todo o processo.
Em sua primeira fala sobre o assunto, Caiado disse durante um almoço na casa do prefeito de Águas Lindas, Hildo do Candango (PSDB), “não abro mão do comando de Goiás. Não tenho que discutir problemas do Entorno a não ser com quem a Lei [da Ride] determina”
.
O democrata estava na presença dos prefeitos da região e bastou este encontro para mudar a opinião da maioria deles.
Em seguida foi iniciada uma estratégia encabeçada pelo relator da comissão mista, formada por deputados federais e senadores, José Nelto, para evitar um acordo em torno do relatório que ele próprio apresentaria, dando prosseguimento à criação da Região Metropolitana.
No dia 11 de abril Nelto havia disponibilizado um relatório em que a União ficava responsável pela implementação de um fundo correspondente à 20% do FCDF (Fundo Constitucional do Distrito Federal) para o desenvolvimento da região. Já no dia 24 do mesmo mês, quatro dias após a reunião do governador com os prefeitos regionais, o deputado apresentou uma nova versão do documento, passando para o Distrito Federal essa responsabilidade financeira.
O resultado da manobra foi o esperado pelo governador Ronaldo Caiado, qualquer possibilidade de consenso em torno do relatório foi inviabilizada em tempo hábil e ao completar um ano sem ser apreciada, a MP 862 perdeu sua validade definitivamente, frustrando o desejo de 72% da população regional que participou de uma enquete feita pelo Jornal Opção do Entorno.