Apesar de ser lembrada pelo triste evento do assassinato da atriz Daniella Perez (1970-1992) durante suas gravações, a telenovela “De Corpo e Alma” entrará para o catálogo da Globoplay, segundo a Globo.
Escrita por Gloria Perez, mãe da artista assassinada pelo colega de cena, Guilherme de Pádua (1968 – 2022), e a esposa dele, Paula Thomaz, não terá seus capítulos cortados. Perguntada se procedia o fato de que a trama de 1992 não seria disponibilizada em razão do assassinato de Daniella, a Globoplay disse que esta informação “não procede”, ainda que “não tenha previsão” para disponibiliza-la. A autora, por sua vez, desmentiu que tenha proibido e/ou vetado a reexibição da novela pela Globo, dizendo que “nunca houve essa conversa [entre ela e a emissora]”. Em março deste ano, “De Corpo e Alma” completa.
Durante anos permaneceu a história que “De Corpo e Alma” era uma espécie de “novela proibida“, em razão da morte de Daniella. Há uma dita que acabou virando senso comum na Internet, de que Gloria Perez havia pedido para que a trama não fosse reprisada embora a autora nunca tenha afirmado isso categoricamente, “nunca houve nenhuma conversa [entre ela e a Globo] sobre esse assunto”, disse Glória Perez. Em todo caso, a trama nunca foi reexibida, recebendo apenas transmissões internacionais. Foi ao ar pelo canal SIC, em Portugal, devido a uma uma obrigação contratual entre as duas emissoras, já que a Globo era uma das sócias da TV portuguesa. Essa versão, inclusive, é a única disponível e que costuma ser acessada no YouTube.
Por motivos óbvios, ara Gloria Perez a novela também foi desafiadora. Além de perder a filha, na vida pessoal, na demanda profissional, ela acabou precisando lidar com a perda de dois personagens – Bira, vivido por Pádua, e Yasmin, de Daniella. Imediatamente após a morte da filha, coube a Gilberto Braga (1945-2021) e Leonor Bassères (1926-2004) escreverem a trama até que Glória pudesse voltar. A autora voltou à escrita e, com valentia, foi até o fim, em março de 1993. Tendo que lidar com a pressão do crime, da mídia e sua sede pela justiça para a prisão dos assassinos.
Houve um momento, ainda nos anos 2000, que a Globo cogitou reprisar “De Corpo e Alma“. No início daquela década, a TV solicitou ao Ministério da Justiça a liberação da trama. No Diário Oficial de 24.05.2000 o MJ liberou, contanto que fossem feitos cortes. Com uma temática avançada, seria uma novela “muito quente” para ser exibida à tarde. Porém, a TV mudou de ideia e em seu lugar, exibiu “A Próxima Vítima“, de Sílvio de Abreu e não pensariam mais em tirá-la oficialmente da gaveta, ainda que cenas tivessem sido exibidas no documentário true-crime sobre a atriz, produzido pela HBO Max, o “Pacto Brutal“.
Fonte: Heloisa Tolipan (www.heloisatolipan.com.br)