Encarregado de negócios da embaixada dos EUA se reuniu com instituto de mineração do Brasil e relatou interesse de Trump nas riquezas minerais do Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quinta-feira (24) o interesse declarado dos Estados Unidos nos minerais críticos e estratégicos brasileiros, como o lítio e o nióbio e disse que “aqui ninguém põe a mão”.
“Temos todo o nosso petróleo para proteger. Temos todo o nosso ouro para proteger. Temos todos os minerais ricos que vocês querem para proteger. E aqui ninguém põe a mão. Este país é do povo brasileiro”, disse o presidente, em referência ao governo americano.
A fala foi feita durante cerimônia de entregas do governo federal em Minas Novas (MG) em que o presidente brasileiro defendeu a soberania do Brasil sobre suas riquezas naturais.
No dia anterior o encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos, Gabriel Escobar, se reuniu com representantes do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) e manifestou o interesse em fechar acordos com o Brasil para aquisição de minerais considerados estratégicos.
De acordo com o presidente do Ibram, Raul Jungmann, os americanos demonstraram preocupação e insistência sobre o tema. Ele afirmou que deixou claro aos diplomatas que a negociação deve ser feita com o governo federal, uma vez que os recursos minerais pertencem à União, conforme determina a Constituição.
“Essa é uma pauta do governo. Nós estávamos preocupados em estreitar uma pauta e fazer contrapartidas com o setor privado e também com o Congresso americano. Mas, repito: isso é algo que diz respeito privativamente ao governo Lula e à sua estratégia de negociação”, afirmou Jungmann.
O governo norte-americano não fez nenhum contato oficial com o Palácio do Planalto sobre o tema, porem o interesse por terras raras e minerais estratégicos é parte de uma política global do presidente Donald Trump, que tem pressionado outros países para garantir o fornecimento desses recursos aos EUA.
Minerais críticos e estratégicos são aqueles que desempenham papel central na economia do presente e do futuro. São usados, por exemplo, na tecnologia de ponta, em chips, computadores, na transição energética e até na produção de armas miliares. Grande parte desses minerais são as chamadas “terras raras”, que poucas nações dominam sua exploração e por isso são tão importantes na geopolítica mundial. As maiores reservas do mundo estão na China a no Brasil.