A inflação ao consumidor brasileiro registrou forte alta em novembro e ainda foi a mais elevada para o mês em seis anos, mas começou a dar sinais de alguma descompressão que, se continuada, pode influenciar as expectativas para os juros no ano após o Banco Central endurecer a política de juros para conter o aumento generalizado dos preços.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou a alta em novembro para 0,95%, ante avanço de 1,25% em outubro. É a maior taxa para o mês desde 2015, 1,01% naquele ano. Em novembro de 2020, a variação mensal foi de 0,89%. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta sexta-feira.
A alta foi puxada pelos custos com transportes, impulsionados, por sua vez, pelos preços dos combustíveis.
Em 2021, a inflação acumula alta de 9,26% e, nos últimos 12 meses, sobe 10,74%, acima dos 10,67% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. A taxa em 12 meses é a mais alta desde novembro de 2003 (11,02%).
"IPCA com amplos sinais de desaceleração em novembro de 2021. Enfim um primeiro sinal de calmaria nesta sexta"
, disse Yihao Lin, da área de análise macro na Genial Investimentos.
"Alimentos tiveram queda maior, mas todos os grupos, exceto transportes, mostraram desaceleração. Surpresa positiva da inflação"
, comentou Rafaela Vitoria, economista-chefe do Banco Inter.
Segundo o IBGE, o índice de difusão, uma medida de quão espalhadas estão as variações de preços dos componentes do IPCA, caiu a 63% em novembro, contra 67% em outubro, indicando aumento de custos menos disseminado.
Outra evidência de melhor composição da inflação, a média móvel mensal de cinco núcleos do índice ficou em 0,61%, de 0,95% em outubro, segundo dados da Genial Investimentos, que mostraram ainda a alta dos preços dos serviços em forte desaceleração de 1,04% em outubro, para 0,27% em novembro.
A alimentação saiu de alta de 1,32% para 0,04%, enquanto produtos industriais esfriou o aumento para 0,98%, ante os 1,40% registrados.
O IPCA mais brando vem, por coincidência, já que não há tempo de ter gerado o efeito desejado, dois dias depois de o Banco Central adotar uma linguagem mais dura sobre a inflação. O BC elevou a taxa Selic em 1,50 ponto percentual em uma única reunião, para 9,25% ao ano, indicando nova alta da mesma envergadura para fevereiro.