O plenário do Senado aprovou nesta terça-feira (4), a indicação do economista Gabriel Galípolo, ex-número 2 do Ministério da Fazenda, para a diretoria de Política Monetária do Banco Central (BC) por 39 votos a 12, e Ailton Aquino, servidor de carreira da autarquia, para a diretoria de Fiscalização, esse com 42 votos favoráveis e 10 conta, com uma abstenção.

Mais cedo, os nomes de Galípolo e Aquino já haviam sido aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado após sabatina.
Com a lei de autonomia do BC, vigente desde 2021, que estabelece mandatos fixos e não coincidentes para a cúpula do banco, os dois escolhidos por Lula vão ter de conviver com uma diretoria majoritariamente indicada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Isso vale, inclusive, para o atual presidente, Roberto Campos Neto, alvo prioritário dos ataques do governo, que quer logo uma queda da taxa básica de juros, parada em 13,75% ao ano desde agosto de 2022.
No dia da indicação, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que foi porta-voz de Lula, fez questão de dizer que Campos Neto foi o primeiro a sugerir o nome de Galípolo para o BC, de modo a atuar para aumentar o entrosamento entre as duas equipes e a harmonia entre as políticas fiscal e monetária. Nos bastidores, o então número 2 da Fazenda já é visto como sucessor de Campos Neto, que deve deixar a autarquia em dezembro do ano que vem.
Antes, porém, a expectativa é de que Galípolo e Aquino sejam vozes pró-afrouxamento monetário no Comitê de Política Monetária (Copom). A posição do governo é de que o primeiro corte da Selic já deveria ter acontecido. No último Copom, a maioria dos oito membros que participaram do encontro afirmou que já vê condições para uma queda de juros “parcimoniosa” em agosto, caso o processo de desaceleração da inflação continue.
Galípolo também deve ter o desafio de ganhar experiência com o dia a dia da diretoria de Política Monetária, responsável pelas operações de mercado para manter a Selic na meta estabelecida e por garantir a funcionalidade do câmbio. Há receios também do mercado financeiro com a possível proximidade do ex-secretário executivo com a Teoria Monetária Moderna (MMT, na sigla em inglês), uma corrente heterodoxa de política monetária.
Aquino, por sua vez, tem longa experiência dentro do banco, inclusive na área de supervisão e fiscalização, e é elogiado pelo mercado. Antes de ser indicado, ele era chefe do Departamento de Contabilidade, Orçamento e Execução Financeira, ligado à diretoria de Administração do BC.