
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e Simone Tebet (MDB), titular do ministério do planejamento, apresentaram nesta quinta-feira (30) o novo arcabouço fiscal , que substitui o antigo ‘Teto de Gastos”, prevê a estabilização da dívida pública até 2026 e zera o déficit público primário da União no próximo ano, além de um superávit primário de 0,5% do PIB em 2025 e 1% do PIB em 2026. O superávit primário é o resultado positivo de todas as receitas comparadas às despesas do governo, excluindo gastos com pagamento de juros.
O texto também projeta que o crescimento das despesas sejam limitados a 70% do aumento das receitas. No entanto, caso a arrecadação não seja suficiente para atingir a meta de superávit, esse percentual cai para 50% no ano seguinte e 30% no posterior.
Se a projeção for de alta de 5% acima da inflação na arrecadação no ano seguinte, por exemplo, as despesas poderão crescer até 3,5%. Agora, se esses 5% não forem suficientes para atingir o superávit primário, as despesas subirão apenas 2,5% ou 1,5%. “É importante a própria regra dispor de mecanismos de autocorreção”, disse o ministro.
Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento, afirmou durante a apresentação, que sua pasta está “absolutamente tranquila e convicta” de que, se o texto for aprovado pelo Congresso, será possível ter “qualidade do gasto público” e atingir a meta de zerar o déficit.
"O arcabouço é flexível, portanto crível. Ele é transparente porque ele é simples. E ele tem um foco"
, afirmou a ministra.
Se aprovado pelo Congresso Nacional , o conjunto de regras fiscais substituirá o teto de gastos, em vigor desde 2016, que limitava o aumento das despesas à inflação do ano anterior. Com o novo arcabouço fiscal, o Orçamento volta a ter aumento real.
"O teto de gastos está sendo substituído hoje por uma regra que procura sanar deficiências das regras anteriores"
, afirmou Haddad.
O novo texto também estabelece um valor mínimo para investimentos e exclui das regras já existentes o FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica) e piso da enfermagem.
Ao chegar no Congresso, Haddad disse que o texto acompanha experiências “mais avançadas” do mundo.
"É uma proposta moderna, que está em linha com o que tem de mais avançado no mundo, e penso que vai dar ao país uma trajetória de desenvolvimento sustentável, tanto do ponto de vista fiscal, quanto do ponto de vista social"
, disse.
O ministro esclareceu que o crescimento da despesa terá como referência as despesas feitas até julho do ano anterior.
Segundo Haddad, a proposta engloba “o melhor dos dois mundos”, da segurança e da previsibilidade, unindo um “consistente” superávit primário e aumento das receitas acima das despesas.
Perguntado sobre a possibilidade de cumprimento das metas, Haddad respondeu que sim, buscando novas fontes de arrecadação.
"Não pensamos em CPMF, acabar com o Simples, ou reonerar a folha de pagamentos, não é disso que se trata. Trata-se de colocar o pobre no Orçamento e o rico no Imposto de Renda, ou seja, temos que fazer quem não paga imposto, pagar"
.
"Temos muitos setores que estão demasiadamente favorecidos com regras de décadas. Vamos, ao longo do ano, encaminhar medidas para dar consistência a esse anúncio. Sim, contamos com setores que estão beneficiados e setores novos que não estão regulamentados. Vamos fechar os ralos do patrimonialismo brasileiro e acabar com uma série de abusos que foram cometidos contra o Estado brasileiro"
, finalizou.