Nas redes sociais, órgão acusou ministro do STF de ser o "principal arquiteto da censura e perseguição" contra o ex-presidente

A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil publicou novas críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta-feira (7). Em uma postagem nas redes sociais, o órgão acusou o magistrado de ser o “principal arquiteto da censura e perseguição” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), para quem Moraes decretou prisão domiciliar na segunda-feira (4).
Na publicação, a missão diplomática também faz ameaça velada a "aliados de Moraes no Judiciário e em outras esferas" que, segundo a embaixada, "estão avisados para não apoiar nem facilitar a conduta" do ministro do STF.
"O ministro Moraes é o principal arquiteto da censura e perseguição contra Bolsonaro e seus apoiadores. Suas flagrantes violações de direitos humanos resultaram em sanções pela Lei Magnitsky, determinadas pelo presidente Trump. Os aliados de Moraes no Judiciário e em outras esferas estão avisados para não apoiar nem facilitar a conduta de Moraes. Estamos monitorando a situação de perto", diz o post.
A mensagem é a tradução de uma publicação do subsecretário de Estado para a Diplomacia Pública e Assuntos Públicos dos Estados Unidos, Darren Beattie.
Esta não é a primeira publicação da embaixada estadunidense com críticas a Moraes, em apoio a Bolsonaro. Em 24 de julho passado, a missão afirmou que o ministro é o ‘coração pulsante do complexo de perseguição e censura’ contra o ex-presidente.
Prisão domiciliar de Bolsonaro
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretou a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta segunda-feira, 4, após o descumprimento de medidas cautelares. No domingo, 3, o ex-chefe de Estado apareceu em um vídeo publicado nas redes sociais do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), seu filho, durante manifestações bolsonaristas pelo Brasil.
Na decisão, Moraes escreveu que “agindo ilicitamente, o réu Jair Messias Bolsonaro se dirigiu aos manifestantes reunidos em Copacabana, no Rio de Janeiro, produzindo dolosa e conscientemente material pré-fabricado para seus partidários continuarem a tentar coagir o Supremo Tribunal Federal e obstruir a Justiça, tanto que o telefonema com seu filho, Flávio Nantes Bolsonaro, foi publicado na plataforma Instagram”.
“Não há dúvidas de que houve o descumprimento da medida cautelar imposta a Jair Messias Bolsonaro”, conclui o magistrado.
Em nota ao Terra, a defesa de Jair Bolsonaro afirma ter sido “surpreendida” pela decretação da prisão domiciliar, ‘tendo em vista que o ex-presidente Jair Bolsonaro não descumpriu qualquer medida’.
"Cabe lembrar que, na última decisão, constou expressamente que 'em momento algum Jair Messias Bolsonaro foi proibido de conceder entrevistas ou proferir discursos em eventos públicos'. Ele seguiu rigorosamente essa determinação", aponta a defesa.
"A frase 'Boa tarde, Copacabana. Boa tarde meu Brasil. Um abraço a todos. É pela nossa liberdade. Estamos juntos' não pode ser compreendida como descumprimento de medida cautelar, nem como ato criminoso", diz, ainda, a nota assinada pelos advogados Celso Vilardi, Paulo Amador da Cunha Bueno e Daniel Tesser. A defesa apresentou recurso à decisão.