Segundo economistas, o problema não é querer gastar mais na área social, mas sim a mudança das regras fiscais sem tecnicidade e no mais absoluto impulso eleitoreiro, sem compromisso inclusive com os menos favorecidos.
É consenso entre especialistas que, tudo o que vai ser dado como acréscimo na distribuição de renda ao mais pobres com o Auxílio Brasil substituindo o Bolsa Família, deve ser perdido, “engolido”, pela resseção e inflação que os mecanismos usados pelo governo Bolsonaro vão causar.
Há também um alerta dos especialistas de que a superação de uma recessão, agravada pela falta de confiança na condução econômica do país, é longa, leva anos, décadas, e o Auxílio Brasil a R$ 400 é provisório, válido apenas para 2022, apenas no ano eleitoral.
“Estamos indo para o vinagre” é a expressão usada pelo economista Felipe Salto, diretor-executivo da IFI, a Instituição Fiscal Independente do Senado Federal.
A IFI tem a função de auxiliar os parlamentares a monitorar o Orçamento do governo e existe em vários países do mundo. Em algumas nações, são chamadas de “cães de guarda” das contas públicas.
Na semana em que o governo manobrou para instituir as ferramentas que o permitam furar o ‘teto de gastos’ nos incertos R$80 bilhões, o dólar bateu os R$ 5,70, quatro secretários do alto escalão do Ministério da Economia pediram demissão, a Bolsa de Valores despencou, a previsão de juros futuro subiu e o ministro da economia Paulo Guedes sugeriu ao Banco Central “correr” para controlar a inflação, provavelmente com a elevação do Juros Selic.
Somados, esses eventos afugentam investimentos, causa a inflação, a recessão, aumenta o desemprego e consequentemente consome o poder de compra, hipoteticamente, fazendo os R$ 400 comprar apenas o que R$ 200 comprava em tempos de maior estabilidade.