Líderes do Centrão teriam revelado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que membros da base governista estão ‘demonizando’ ex-aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ). Essa ‘demonização’ estaria dificultando a nomeações em cargos de segundo e terceiro escalão do governo.

Desde semana passada, o chefe do executivo federal passou a participar mais ativamente das articulações políticas para a consolidação de sua base aliada no Congresso Nacional e, em meio as tantas reclamações, Arthur Lira teria relatado ao presidente que deputados federais estavam incomodados de estarem com a pecha de bolsonaristas.
O presidente da Câmara teria dito a Lula que importantes figuras da base governista impediram em diversas ocasiões as nomeações de parlamentares ou aliados de membros do Centrão em cargos no segundo e terceiro escalão por conta da relação anterior deles com Bolsonaro.
Lira deu como exemplo um nome que foi barrado por ter tirado uma foto com o ex-presidente. O comandante da Câmara falou que o Planalto “não consegue largar a ideologia” e por isso “fechou a porta para pessoas fundamentais” para uma boa relação entre a Casa de Leis e o governo federal.
O presidente da Câmara teria destacado que a figura que tirou foto com Bolsonaro também tem registros com Dilma Rousseff (PT), Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Itamar Franco e até com o próprio Lula. O deputado chegou ao dizer com bom humor que o único posicionamento que muitos parlamentares tem é de ser “apoiador do governo federal”.
Lira pediu ao presidente da República que determine que aliados diminuam a discussão ideológica e passem a ser mais pragmáticos, sabendo diferenciar quem é realmente defensor das ideias bolsonaristas e quem apenas quer participar do governo, seja lá quem for o chefe do Executivo.
O presidente da República revelou a reclamação para aliados e boa parte não concordou com Lira. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), chegou a dizer que o discurso foi o mesmo adotado com Dilma e a cassação se tornou o resultado final.
Há muita preocupação por parte de petistas que o Centrão entre no governo e boicote o plano de governo que elegeu Lula.
Só que Lula determinou que todos encontrem um meio termo. Ele quer mais diálogo com quem “pensa diferente” do Planalto e que acelere as nomeações dos cargos de segundo e terceiro escalão.