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Banco Central endurece o tom pela redução de gastos e Copom eleva taxa Selic para 10,75%

Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central aumentou, nesta quarta-feira (18), sua taxa básica de juros, a Selic, em 0,25 ponto, elevando o percentual para 10,75%. A decisão ocorreu para manter as expectativas de inflação ancoradas, evitando volatilidade nos mercados financeiros.

Banco Central do Brasil / Foto: Reprodução (Mercado e Consumo)

Especialistas apontaram ao longo da semana que, embora o núcleo da inflação tenha mostrado melhorias, ainda há pressões inflacionárias, principalmente devido ao aquecimento do mercado de trabalho e aumento dos salários.

Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos, pontuou que, caso o Banco Central mantivesse a taxa Selic no mesmo patamar, ocorreria perda de credibilidade, resultando em desancoragem das expectativas de inflação e sobre a taxa de câmbio.

“A comunicação dos dirigentes do Banco Central, em particular de Gabriel Galípolo, conduziu fortemente o mercado na direção de um aperto monetário”, afirmou Goldenstein antes da decisão do Copom.

Entre os pontos de atenção notados estão a “assimetria altista” e “a reavaliação do hiato para o campo positivo” destacados pelo BC.

Pressão dos Gastos públicos

Entre as principais pressões que elevam o risco no Brasil e as perspectivas de inflação, está a questão fiscal.

O governo tem gastado mais do que tem arrecadado nos últimos meses, e a tendência, até alguns ajustes recentes, era de que o buraco seguisse aumentando.

Isso somado a mudança da meta fiscal do ano que vem, dando mais espaço para gastos, feriu a imagem de responsabilidade do Executivo. E quando há um temor de risco maior, a inflação acompanha.

“Não dá para o Brasil ficar apenas com o pé na política monetária sem que a política fiscal seja contemplada também”, aponta Paloma Lopes, economista da Valor Investimentos.

Veja o relatório do Copom:

O ambiente externo permanece desafiador, em função do momento de inflexão do ciclo econômico nos Estados Unidos, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed. Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário externo, também marcado por menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, segue exigindo cautela por parte de países emergentes.

Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado dinamismo maior do que o esperado, o que levou a uma reavaliação do hiato para o campo positivo. A inflação medida pelo IPCA cheio assim como medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes.

As expectativas de inflação para 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 4,4% e 4,0%, respectivamente. A projeção de inflação do Copom para o primeiro trimestre de 2026, atual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 3,5% no cenário de referência (Tabela 1).

O Comitê avalia que há uma assimetria altista em seu balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado; e (iii) uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e (ii) os impactos do aperto monetário sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.

O Comitê monitora com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal, junto com outros fatores, tem impactado os preços de ativos e as expectativas dos agentes. O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária.

O cenário, marcado por resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas, demanda uma política monetária mais contracionista. Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 10,75% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo ora iniciado serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Gabriel Muricca Galípolo, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.

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