O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reuniu cerca de 44,8 mil apoiadores na Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo (6), em apoio ao projeto de anistia aos condenados pela tentativa de golpe de estado do dia 8 de janeiro de 2023.

A estimativa é do Monitor do Debate Público do Meio Digital, da Universidade de São Paulo (USP), que fez o levantamento a partir de fotos aéreas do momento de pico da manifestação, durante o discurso de Bolsonaro, que iniciou cerca de 15h44 e durou 25 minutos.
Em fevereiro do ano passado, quando Bolsonaro também foi à Paulista pedir anistia aos presos do 8 de Janeiro, o ex-presidente reuniu cerca de 185 mil manifestantes, conforme a mesma contagem da USP. Já a Secretaria de Segurança Pública (SSP) estimou 600 mil pessoas presentes. Neste ano, tanto a Secretaria como a Polícia Militar informaram que não haverá divulgação do público presente.
Em setembro do ano passado, pedindo o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro pôs na Avenida, principal de São Paulo, cerca de 45 mil pessoas, somente um quarto da manifestação anterior, de fevereiro.
Veja a evolução do público nos atos bolsonaristas:
- Fevereiro de 2024, em São Paulo – 185 mil
- Setembro de 2024, em São Paulo – 45 mil
- Março de 2025 – no Rio de Janeiro – 18,3 mil
- Abril de 2025, em São Paulo – 44,8 mil
Após o ato esvaziado no mês passado, em Copacabana, no Rio, em que o mesmo grupo de pesquisa estimou um público de 18,3 mil pessoas, os bolsonaristas evitaram falar sobre a expectativa de manifestantes em São Paulo. Na ocasião, Bolsonaro e os organizadores aguardavam um milhão de pessoas para o ato, que contou com menos de 2% disso. Em 2022, quando ainda era presidente e estava em campanha pela reeleição, ele reuniu 64,6 mil pessoas no Rio em 7 de setembro.
A quantidade de público, entretanto, é crucial para medirem o apoio popular que o projeto de anistia aos golpistas condenados consegue angariar para avançar na Câmara dos Deputados. Segundo o Placar da Anistia do Estadão, mais de um terço dos 513 parlamentares da Casa apoia o perdão.
Segundo o relatório da USP, um software analisou imagens tiradas com drone, identificando e marcando as cabeças das pessoas, o que automatiza a contagem. "Foram tiradas fotos em três diferentes horários (14:05, 14:42 e 15:44), totalizando 47 imagens. As nove fotos selecionadas para a contagem foram tiradas às 15:44, momento de pico da manifestação. A imagem cobriu toda a extensão da manifestação em três diferentes pontos de concentração na Avenida Paulista", diz o relatório.
O ato foi marcada por referências à cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, que pichou com batom a frase "perdeu, mané" na estátua que simboliza a Justiça, em frente ao STF. Em seu julgamento, Moraes propôs uma pena de 14 anos de prisão para ela, que foi para prisão domiciliar.
Bolsonaro, que há duas semanas se tornou réu por tentativa de golpe de Estado em 2022, também seria beneficiado com o perdão político, mas coloca menciona apenas a defesa das “velhinhas com bíblia na mão” e “pessoas humildes” que estão presas responsabilizadas pela invasão.
O apelo, entretanto, não surte efeito na maioria dos brasileiros. Segundo a pesquisa Genial/Quaest divulgada neste domingo (6), 56% dos entrevistados disseram preferir que os envolvidos no 8 de Janeiro continuem presos, contra 34% que defendem sua soltura.
Também são maioria os brasileiros que consideram justa a decisão do Supremo em tornar Bolsonaro réu pela trama golpista: 52% dos entrevistados disseram concordar com o ato do STF, enquanto 36% acham que a decisão foi injusta.
Durante a manifestação, com paródias sertanejas e ao estilo “pancadão”, a máxima de que “não houve golpe” foi repetida incansavelmente pelos políticos que discursaram. Segundo a Quaest, somente 1% dos entrevistados respondeu a pesquisa negando a existência de uma tentativa de golpe.
Com referência do ESTADÃO conteúdos