Expectativa era de que o tratado fosse assinado neste sábado (20), criando a maior área de comércio do mundo

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, informou nesta quinta-feira (18) aos líderes europeus reunidos em uma cúpula em Bruxelas, na Bélgica, que a assinatura de um acordo de livre comércio com o Mercosul será adiada para janeiro. A informação é da Agence France-Presse, que citou diplomatas europeus como fonte.
A declaração contraria a expectativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de que o tratado fosse assinado neste sábado (20), durante a cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu (PR), criando a maior área de comércio do mundo. O mandatário também está à frente da presidência do bloco sul-americano.
O plano foi minado depois que a Itália se juntou à França para exigir um adiamento, a fim de buscar maior proteção para o setor agrícola local.
O presidente da França, Emmanuel Macron, já havia declarado que não apoiaria o pacto sem que haja salvaguardas mais robustas para agricultores de seu país.
Na quarta-feira (17), o Parlamento Europeu, a Comissão Europeia e os países-membros do bloco chegaram a um acordo inicial sobre salvaguardas e proteções a agricultores em um último esforço para convencer a França e a Itália a assinarem.
Segundo o texto, as tarifas que forem extintas mediante o pacto comercial serão reimpostas caso importações de carne da América Latina desestabilizem os mercados europeus.
Ou seja, quando subirem mais de 8% em relação à média dos últimos três anos, e se seus preços forem pelo menos 8% inferiores aos de produtos comparáveis da União Europeia.
No entanto, não houve acordo quanto ao pedido do Parlamento para incluir no instrumento final uma cláusula mais controversa, de “obrigação de reciprocidade”, que exigiria que os países do Mercosul cumprissem as normas de produção alimentar da União Europeia em troca do acesso ao mercado.
Alemanha e Espanha barraram o mecanismo.
Macron e a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, que havia chamado a assinatura do acordo de prematura, também não deram sinal de que as salvaguardas aprovadas são suficientes.
Ainda na quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que não assinaria mais o acordo se ele não fosse finalizado este mês.
“Se não fizermos isso agora, o Brasil não fará mais este acordo enquanto eu for presidente. Se eles disserem não, seremos duros com eles daqui para frente. Cedemos a tudo o que a diplomacia poderia ceder", afirmou.
As negociações se estendem há 25 anos.








