O governo Ronaldo Caiado (DEM) passou três dos seus quatro anos de validade em Goiás lutando para aderir Regime de Recuperação Fiscal (RRF) da União e com ele chancelar sua teoria de terra arrasada, supostamente deixada pelo governo anterior, mas ao contrario disso recebeu repetidos pareceres da Secretaria do Tesouro Nacional dizendo que a situação fiscal do estado não não era ruim a esse ponto.
Sem números comprovados e sem o álibi do RRF, segundo interlocutores próximos, Caiado temia a reabilitação do ex-governador Marconi Perillo (PSDB), por isso o democrata atuou até no campo jurídico para suspender o pagamento de dívidas correntes, o que teria aumentado consideravelmente o endividamento do estado e possibilitado a adesão ao Regime através de liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Do outro lado, talvez por não ter a capacidade administrativa e ou por ter canalizado tanta energia para se livrar do seu fantasma pessoal, Caiado não deslanchou na administração do Estado, atuando a conta-gotas, quase que exclusivamente em manutenção ou remanejamentos.
Para que se tenha uma ideia, enquanto os 5 governos anteriores ao dele construíram, em média, 4 estações de tratamento de esgoto (ETE) por ano, o democrata não construiu nenhuma até o fim do seu terceiro ano de governo.
Entre Valparaíso de Goiás e Novo Gama, por exemplo, cidades do entorno goiano do Distrito Federal, Caiado não deu andamento à construção de uma ETE que serviria de gatilho para a liberação de recursos Federais volumosos para os dois municípios investirem em infraestrutura, mesmo tendo recebido o estado com a licitação já em andamento.
Na pandemia, Goiás contou apenas com a estrutura física deixada pelos governos Marconi Perillo, tendo o governo Caiado apenas a incumbência de remanejar centros de atendimento, estadualizar prédios prontos e equipar leitos com dinheiro extra enviado pela União.
Em infraestrutura viária, o caiadismo chegou a realizar cerimônia para entrega de apenas 10 quilômetros de recapeamento, dada a falta de desbravamentos importantes.
Já quanto as políticas sociais, Caiado deve ter que se explicar muito durante as eleições, pois suspendeu quase tudo, se não toda a rede de proteção aos mais pobres do estado durante esses quase três anos, e está retomando os programas somente agora, às vésperas das eleições, com nomes trocados e sem novidades, a não ser uma menor abrangência.
Com esse “currículo fraco”, aliados do primeiro escalão apontam para que a única chance de reeleição de Caiado passa por ele acertar no manuseio de cerca de R$ 2 bilhões do orçamento estadual, ao menos nesses próximos 12 meses.