Na segunda-feira (02), a Secretaria Municipal de Educação de Valparaíso de Goiás emitiu a portaria 099/2021 determinando que todos os servidores da rede de ensino local retornassem ao serviço presencial, segundo os docentes, sem ter adotado nenhuma medida de segurança sanitária de prevenção contra a contaminação pela covid-19.
O governo do prefeito Pábio Mossoró (MDB) e da vice Zeli Fritische (PDT) é acusado por servidores de não ter providenciado nem as adequações mínimas necessárias para a retomada dos trabalhos e das aulas presenciais com segurança.
“É importante dizer que 90% das escolas municipais não receberam nenhuma condição de adequação para a situação de retorno dos servidores e de toda a comunidade escolar, ou seja, não existe segurança epidemiológica, para os servidores e muito menos para os alunos para um retorno. Faltam totens de álcool em gel nas salas, nos ambientes, faltam tapetes sanitarizantes, faltam lavatórios, pias, absolutamente nada foi feito“, disse o professor Jean Mourão, também secretário geral do SINDSEPEM/VAL (Sindicato dos Servidores Públicos e Empresas Públicas do Município de Valparaíso de Goiás)
Segundo Jean, os servidores da Educação ainda não receberam a segunda dose da vacina contra a Covid-19, o que tem sido condicionante para o retorno das atividades escolares em todos os estados e municípios, além de ser um compromisso da gestão com os funcionários públicos da rede, que estaria sendo descumprida.
“É uma situação caótica, que só demonstra, né? Que só demonstra uma atitude criminosa né? De uma secretaria que não está pensando nos seus servidores, porque ninguém tomou a D2, ninguém está com a D2 no braço, ninguém está vacinado com a 2ª dose (da vacina)“, avalia Jean.
Antes da falta de condições relacionadas à pandemia para o retorno ao trabalho presencial dos servidores da educação, e tirando as escolas Elvis Cavalcante e Monteiro Lobato, usadas nas propagandas da gestão, há também denúncias da falta de manutenção minima das unidades educacionais, que estariam algumas com telhados quebrados, com infiltração, instalações elétricas defeituosas, infestações de pombos, caixa d’água tombando e até sem água, sendo abastecidas por caminhão pipa.
“E fora isso que muitas escolas estão sem condição, física até, como é o caso da Escola Municipal Ayrton Senna, que é uma escola que em seu prédio principal nem água encanada tem, (eles) recebem água de carro pipa, né? E não é verdade que o bairro não possui água encanada, os condomínios possuem água encanada, o anexo (da escola) recebe água encanada, lá existe uma situação que a caixa d’água está quase tombando e arriando, existe uma questão de infestação de pombos e consequentemente piolho de pombos, fezes de pombos, então é uma situação precária na maioria das escolas municipais“, relatou Mourão.
Conforme apuração feita pelo Jornal, há também uma observação “preocupada” do Ministério Público (MP) com a necessidade de retomada das aulas presenciais e situação de falta de estrutura para que isso aconteça. O órgão repara a negligência da Comissão Intersetorial, composta por atores de vários seguimentos, como as secretarias municipais de educação e saúde, além de Vigilância Sanitária, o Sindicato e outros.
A Comissão intersetorial, responsável por acompanhar os trabalhos do governo para a volta às aulas, teria se reunido apenas na sua criação, feito as fotos, a propaganda e nada mais.
“Nós nunca tivemos nem temos até hoje EPIs, não houve e não há nenhuma única providência do governo e nem da comissão fantasma, de ninguém. Passaram o ano passado (2020) inteiro preocupados com eleição e agora não conseguem fazer nada (em 2021) porque têm que desfazer o estrago que fizeram e agora quem paga somos nós (professores) e os alunos que, ou ficam mais tempo sem aula, ou são jogados em escolas sem nenhuma segurança em todos os sentidos“, disse uma professora que pediu anonimato por medo de retaliação.
“Se a gente fala alguma coisa, eles transferem a gente para bem longe“, justificou ela.
O dirigente sindical ainda afirmou à reportagem que os professores querem voltar às salas de aula, mas que precisam de garantias de segurança:
“Por fim, é importante destacar que é do interesse de todos os servidores públicos municipais (da educação) retornarem ao seus locais de trabalho, cumprirem com excelência com suas funções, com os seus trabalhos, colaborando com o crescimento, com o desenvolvimento da cidade, porém, é necessário por uma questão de respeito à vida, que todos recebam a D2, a dose 2 da vacina, que seja respeitado aí os 15 dias para o efeito da vacina, e que seja cumprido por parte do governo todas as condições sanitárias, o mínimo de condições sanitárias, para um retorno seguro nos locais de trabalho da rede municipal de educação de Valparaíso“, ressaltou Jean Mourão.
Questionada sobre as denúncias de negligência, a prefeitura não retornou à redação até o fechamento deste conteúdo.