Wladimir Canuto (Avante) entrou na Sala Vermelha de forma abrupta, onde um paciente acabou morrendo, e foi acusado de agressões verbais e físicas contra os profissionais de saúde

O vereador Wladimir Canuto (Avante) invadiu a Sala Vermelha da Unidade Básica de Saúde (UBS) de Felício dos Santos (MG) na última segunda-feira (3), gerando tumulto no local e durante a confusão, um idoso de 93 anos, que passava por um procedimento cardíaco de emergência, morreu.
A Sala Vermelha é destinada a pacientes sob risco de morte, e a invasão de Canuto teria causado transtorno à equipe de atendimento. De acordo com a médica que comandava as manobras cardíacas no paciente, a confusão desestabilizou os profissionais envolvidos e influenciou no andamento do socorro, contribuindo, ou não, para o óbito do senhor.
Na Câmara dos Vereadores da cidade desde 2017, Canuto afirma ser um “fiscal do município” e sobre o caso ele disse que foi à UBS após receber reclamações de atrasos no atendimento.
Segundo Canuto, ele chegou na UBS e verificou pacientes esperando por atendimento a horas e questionou a recepção e foi informado que haviam dois médicos atendendo casos de emergência. Cerca de 20 minutos após ele questionou a recepcionista e invadiu a área de atendimento dizendo ser “fiscal do município” e que fiscaliza “o salário que todos os funcionários da prefeitura recebem”.
Durante a invasão o vereador afirma que encontrou um dos médicos sentado mexendo no celular e disse que ele estava no WhatsApp.
No ocorrência policial, o profissional argumentou que fazia “uma prescrição médica através do sistema PEC [prontuário eletrônico do cidadão] e não teve tempo de explicar ao vereador sobre a sua atuação médica”.
O político, então, continuou a invasão para procurar pela outra médica, que estava dentro da sala vermelha.
“Eu simplesmente abri a porta, eu não entrei. Aí vi que tinha muita gente lá dentro. Eu só perguntei: ‘tem médico aqui nessa sala?’ Aí a médica falou assim: ‘eu sou a médica. Obrigado, fechei a porta e saí”, alega Wladimir.
A funcionária da UBS afirmou aos policiais que tentou segurar a maçaneta da porta da sala de emergência, mas que o político “bateu em sua mão”.
Os outros profissionais envolvidos alegaram que “o vereador agiu com extrema arrogância e desleixo quanto ao risco do paciente, o que desestabilizou a equipe e impediu que o monitoramento fosse contínuo”, de acordo com informações do boletim de ocorrência.
Wladimir nega a agressão física, mas confirma as agressões verbais.
O homem faleceu às 17h50, conforme consta na certidão de óbito e Canuto afirma que, após a invasão, o primeiro médico abordado começou a atender as pessoas que estavam na fila.
Após a morte do paciente, os profissionais da UBS chamaram Wladimir para conversar. Segundo o registro policial, o motivo da conversa foi para informar o vereador sobre as atividades realizadas e justificar a demora no atendimento.
“A guarnição PM se deslocou em rastreamento do vereador Wladimir Canuto, porém, ele não foi localizado”, afirmaram os militares em registro.
Nas suas redes sociais, o vereador Wladimir Canuto disse que é o único vereador de oposição na cidade. “Existe uma indignação muito grande da administração em cima de mim, são oito vereadores e o Prefeito contra mim”, disse o parlamentas, que acredita que as fiscalizações que promove incomodam.
Veja a nota completa da prefeitura de Felício dos Santos (MG)