Uma investigação da Polícia Federal aponta que os deputados Josimar Maranhãozinho, Pastor Gil e Bosco Costa, ambos do PL, pegavam dinheiro com agiota e indicavam emendas para município a fim de pagar as dívidas.

De acordo com a apuração da Polícia Federal, o esquema de venda de emendas parlamentares dos três deputados contava com divisão de tarefas e utilização de armas de fogo em ameaças a gestores municipais. As informações estão em um relatório da PF sobre a investigação.
Segundo o documento, a organização criminosa, que contava com a participação dos deputados Josimar Maranhãozinho (PL-MA), Pastor Gil (PL-MA) e Bosco Costa (PL-SE), de lobistas e até de um agiota, exigia a devolução de 25% dos valores das emendas destinadas a ações na área de saúde na cidade de São José de Ribamar (MA).
Conforme a PF, os deputados pegavam dinheiro emprestado com um agiota, identificado como Josival Cavalcanti da Silva, o “Pacovan”, que tinha a função de cobrar um “pedágio” do prefeito da cidade que recebia o recurso público, ou seja, parte do dinheiro das emendas destinadas, por exemplo, à saúde de São José de Ribamar.
“O agiota Pacovan empresta dinheiro para os parlamentares investigados, os quais se comprometem a devolvê-lo por meio do desvio de parte dos valores oriundos das emendas parlamentares que tinham como destino municípios do interior do Maranhão”, diz o relatório da PF.
Segundo os investigadores, o deputado Josimar Maranhãozinho “capitaneava” o esquema, e o grupo fazia ameaças com armas para tentar obter o dinheiro de forma ilegal.
"O deputado Josimar Maranhãozinho é quem está à frente da estrutura criminosa, capitaneando não somente a destinação dos recursos públicos federais oriundos de emendas (próprias e de outros parlamentares comparsas) para os municípios, mas também orientando a cobrança (utilizando, inclusive, de estrutura operacional armada), ao exigir dos gestores municipais a devolução de parte dessas verbas", destacam os policiais federais.

O esquema foi denunciado em 2020 por Eudes Sampaio, então prefeito de São José de Ribamar (MA), que diz ter se recusado a fazer os pagamentos indevidos. Ele afirma ter sido extorquido pelo grupo, que também teria feito ameaças contra familiares do gestor municipal.
Diante das ameaças, Eudes Sampaio apresentou uma notícia-crime à Justiça Federal do Maranhão. Como o caso envolve deputados federais, foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo a PF, o prefeito "denunciou um esquema de agiotagem envolvendo recursos federais". Após a denúncia, a Justiça Federal mandou prender o agiota e outros integrantes da quadrilha que não são deputados.