Presidente dos Estados Unidos defendeu as tarifas aplicadas ao Brasil, mas adicionou que "gostou" do "Líder brasileiro"

Durante seu discurso na Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira (23), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que combinou um encontro com o presidente Lula na próxima semana, para tratar das tarifas aplicadas pelo seu governo aos produtos brasileiros.
Segundo o mandatário dos EUA, ele teve um breve encontro com Lula enquanto chegava ao púlpito da Assembleia. O republicano foi o segundo a discursar na ONU, logo após o líder brasileiro, que havia feito críticas ao protecionismo de sua gestão.
"Eu estava entrando, o líder do Brasil estava saindo. Nós nos vimos, nos abraçamos e concordamos em nos reunir na próxima semana. Não tivemos muito tempo para falar, mas fiquei satisfeito. Ele me parece um homem bom; ele gostou de mim, eu gostei dele", disse.
Antes de destacar a “química excelente” que teve com o petista, Trump justificou as tarifas aplicadas ao Brasil, que estremeceram a relação entre as duas nações.
Segundo ele, a medida visa retaliar "os esforços sem precedentes do país para interferir nos direitos e liberdades dos nossos cidadãos americanos e de outros, com censura, repressão, armamento, corrupção judicial e perseguição de críticos políticos nos Estados Unidos".
“Eu sinto muito por ver que o Brasil não esteja muito bem, e vai continuar não se dando bem. Eles só poderão ficar bem se trabalharem conosco, e sem nós eles vão falhar”, prosseguiu o mandatário.
As tarifas, que entraram em vigor em 1º de agosto, atingem os produtos brasileiros com uma taxa de 50%, o maior percentual entre os países afetados. Apesar de ter feito referências à suposta perseguição política e judicial, Trump não mencionou diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro durante o discurso.
Exaltação de si próprio
Durante seu discurso, Trump exaltou ações de seu governo, como a política anti-imigratória e a suposta queda nos preços de energia e combustíveis.
Segundo o mandatário , “os Estados Unidos se tornaram o melhor país para firmar negócios. Graças à minha gestão, os EUA estão na era de ouro. Somos o país mais ‘sexy’ do mundo”.
Em determinado momento de sua fala, Trump disse que não queria dizer, mas ele está “certo” sempre.
Críticas à ONU
Ele também ironizou a própria Organização das Nações Unidas que, em sua visão, “cria novos problemas” e ele “faz o seu trabalho”, pois conseguiu “acabar com sete guerras no mundo”.
“A ONU não só não resolve os problemas que deveria com muita frequência, como também cria novos problemas para nós resolvermos. O melhor exemplo é a principal questão política do nosso tempo: a crise da migração descontrolada”, disse Trump. “A ONU não está nem perto de todo seu potencial”.
Nos Estados Unidos, disse rejeitar “a ideia de que pessoas de qualquer lugar do mundo possam invadir nossas fronteiras e ameaçar nossa segurança social”, acrescentando que “a América pertence ao povo americano, e é preciso proteger seus cidadãos”.
Conflitos no mundo
Quanto à guerra na Faixa de Gaza, Trump disse que o conflito já poderia ter sido resolvido há muito tempo, mas que o Hamas rejeita todas as propostas de negociações. Ele ainda mandou um recado direto ao grupo extremista: “liberte os reféns imediatamente, todos eles, não queremos um ou dois, queremos todos”.
Ele criticou a onda de países que reconheceram o Estado da Palestina nos últimos dias, como os aliados Reino Unido e França.
“Tem gente reconhecendo o Estado Palestino, seria uma recompensa muito grande para o Hamas…. Apenas libertem os reféns”.
O presidente norte-americano falou do conflito entre Rússia e Ucrânia. Ele disse que pensava que sua relação com Putin e o recente encontro que tiveram poderiam acelerar as negociações para o fim da guerra, “mas infelizmente não foi isso que aconteceu. Numa guerra, nunca se sabe o que pode acontecer”.
Ataques à China
Depois, se disse estarrecido após descobrir que “China e Irã são os principais financiadores dessas guerras”, e que pode aplicar sanções econômicas aos países que mantiverem acordos com as duas nações.
O presidente dos EUA também levantou preocupações sobre “armas biológicas”, e insinuou que a China teria criado o coronavírus. Ele defendeu que patógenos criados pelo homem poderiam ser usados como instrumentos de ameaça a outras nações.
Negacionismo climático
Mantendo o estilo de sua primeira gestão, quando retirou os EUA do Acordo do Clima, Trump voltou a questionar as mudanças climáticas.
Durante mais de 15 minutos de seu discurso, minimizou o aquecimento global, chamou as energias renováveis de “piada” e afirmou que as projeções sobre o clima “foram feitas por pessoas estúpidas”.