A Operação Capésius, realizada pelo Ministério Público em conjunto com a Polícia Civil de Goiás na segunda-feira (13), reacendeu, com novos elementos, as suspeitas de fraude à licitação e superfaturamento nas compras de insumos médico-hospitalares do governo do prefeito Pábio Mossoró (MDB) e da vice Zeli Fritsche (PDT) em Valparaíso de Goiás.
O esquema criminoso desbaratado pelo MP da 6ª Promotoria de Formosa, que consiste no conluio formado por um grupo de empresas, revendedoras de medicamentos e equipamentos hospitalares, para fraudar licitações e superfaturar preços, apresenta fortes semelhanças com fatos ocorridos na Secretaria Municipal de Saúdeno valparaisense, levantados pela reportagem do Jornal Opinião do Entorno.
E as coincidências com o que aconteceu em Formosa vão além das empresas alvo da operação e acostumadas a vencer as licitações em Valparaíso, Doctormed Equipamentos e Produtos Hospitalares LTDA, Mercantil Barreto Comercial de Produtos Hospitalares, Dom Bosco Hospitalar Eireli e JA Medicamentos hospitalares Eireli-ME.
O grande diferencial, e talvez o único, é que a 3ª promotoria do Ministério Público de Goiás, de Valparaíso não teria investigado os mesmos indícios aparentes.
A Mercantil Barreto, por exemplo, se beneficiou da Dispensa de Licitação 021/2021 para compra de insumos da Covid-19, onde o governo Pábio e Zeli adquiriu frascos de 440g de álcool gel por R$ 25,00 cada, cotado à época por por R$ 6,78 no mercado comum, em levantamento feito pelo ex-vereador Paulo Galego (Movimento 65). Um superfaturamento de mais que 268%.
Já os macacões de polipropileno, que à época estavam custando em média R$ 36,00 no mercado comum, de acordo com o orçamento pelo ex-vereador, foram comprados à R$ 123,21, fazendo supor um sobrepreço de algo em torno de 242%.
Para dar ar de legalidade nos valores superfaturados, de acordo com a operação Capésius, o grupo criminoso contaria com agentes públicos e políticos que “fechariam os olhos” para propostas frágeis e até falsificadas, com valores ainda mais exorbitantes, no intuito de perder a concorrência para o orçamento pré estabelecido como vencedor entre eles.
A quadrilha, que supostamente opera esse esquema de corrupção no governo Pábio e Zeli, teria contado tanto com a impunidade, que deixou rastros nos orçamentos teoricamente fraudados, como é o caso das propostas da VidaMed nas dispensas de licitação 019, 021 e 022/2020.
Na primeira e na última concorrências mencionadas, a proposta da VidaMed consta com uma logomarca aberta, endereço de Samambaia e telefones com o final 0503, 5077 e 1767.
Já na proposta anexada na Dispensa 021/2020 aparece uma outra logomarca na suposta proposta da VidaMed, outro telefone, final 4565, e um endereço de Ceilândia. No site verdadeiro da empresa a exposição visual é feita com um terceira logo.
Em contato com a VidaMed, uma colaboradora não reconheceu o endereço de Ceilândia e chegou a comentar que “o pessoal” não reconheceu o caso.
Consultada fora do horário de expediente, a prefeitura de Valparaíso não comentou os fatos até o fechamento da matéria.