Proposta do partido Vox prevê deportar até 8 milhões de pessoas, incluindo estrangeiros legalizados

O partido espanhol de extrema-direita Vox provocou forte repercussão ao propor a expulsão de milhões de imigrantes que, segundo eles, “não se integram” à cultura do país. A ideia foi apresentada nesta semana por líderes do partido e ganhou grande atenção da mídia, do Judiciário e de outros partidos políticos.
Proposta do Vox
A deputada Rocío de Meer defendeu a deportação de até 7 ou 8 milhões de pessoas, incluindo imigrantes legais e até filhos de imigrantes que nasceram na Espanha.
O partido chama essa ideia de “remigração”, dizendo que quer preservar a identidade espanhola e combater a criminalidade.
Santiago Abascal, líder do Vox, tentou suavizar a proposta afirmando que não têm números exatos e que expulsariam apenas quem cometer crimes ou “não respeitar as leis e costumes espanhóis”.
O juiz Joaquim Bosch classificou a ideia como “puro racismo” e lembrou que 98% dos imigrantes na Espanha não cometem crimes.
O Partido Popular (PP), de centro-direita, rejeitou a proposta, afirmando que ela fere os direitos humanos e vai contra leis europeias.
Jornalistas, como Iñaki López, destacam que a imigração foi responsável por 25% do crescimento da economia espanhola nos últimos anos.
Outro jornalista, Javier Ruiz, enfrentou um porta-voz do Vox ao vivo na TV, desmentindo a ligação entre imigração e violência contra mulheres.
De acordo com dados oficiais, a Espanha tem cerca de 6,9 milhões de imigrantes, entre legalizados e irregulares — menos do que os 8 milhões citados pelo Vox.
Muitos já são naturalizados espanhóis e têm os mesmos direitos que qualquer cidadão do país.
Especialistas alertam que deportações em massa seriam inconstitucionais e impossíveis de aplicar na prática.
A proposta do Vox gerou um intenso debate na sociedade espanhola. Apesar da pressão do partido, outras forças políticas e jurídicas estão reagindo fortemente para impedir qualquer medida que viole os direitos dos imigrantes.
O assunto deve continuar em pauta nas próximas semanas, especialmente com as eleições municipais e regionais se aproximando.