Tesouro aponta que o déficit recorde foi distorcido pelo pagamento extraordinário de R$ 60,5 bilhões em precatórios, reduzindo o peso estrutural do rombo

O Brasil registrou em julho de 2025 um déficit recorde em tempos normais de R$ 59,1 bilhões, o segundo pior resultado da série histórica para o mês, atrás apenas do atípico julho de 2020, em plena pandemia. O dado, divulgado pelo Tesouro Nacional e repercutido por O Globo, reforçou o alerta sobre as contas públicas, mas autoridades econômicas ressaltaram que o número foi influenciado por um evento pontual: o pagamento excepcional de R$ 60,5 bilhões em precatórios.
Na prática, o gasto atípico distorceu a comparação com anos anteriores e ajuda a explicar boa parte do rombo, mesmo assim, o resultado pressiona a meta do governo, que busca zerar o déficit primário em 2025, com margem de tolerância entre –R$ 31 bilhões e +R$ 31 bilhões.
O peso dos precatórios no rombo
Segundo o Tesouro, o salto de 28% nas despesas primárias em relação a julho de 2024 está diretamente ligado ao pagamento de precatórios, dívidas judiciais que a União é obrigada a quitar. Sozinho, esse gasto extraordinário somou mais do que todo o rombo fiscal do mês, revelando que sem os precatórios o resultado teria sido próximo da normalidade histórica.
A quitação em massa inda afetou outras rubricas como benefícios previdenciários e encargos de pessoal, criando, nas palavras do secretário Rogério Ceron, uma “base distorcida” para análise das contas públicas.
Meta fiscal para 2025 e déficit acumulado para 2025
De janeiro a julho, o déficit acumulado é de R$ 70,2 bilhões, o que representa queda de 9,1% em relação ao mesmo período de 2024. Para o governo, esse dado reforça o argumento de que há espaço para reversão ao longo do ano. Mas apesar do discurso otimista, analistas alertam que o déficit recorde reacende dúvidas sobre a credibilidade do arcabouço fiscal e a capacidade do governo de controlar despesas obrigatórias em meio ao avanço de gastos sociais e previdenciários. Ao mesmo tempo, o episódio mostra como fatores pontuais podem impactar seriamente o resultado das contas públicas.








