Pressionado pela opinião pública e pela imprensa devido a crescente precariedade na infraestrutura da cidade e por obras paradas, lentas e/ou mal feitas, o prefeito de Valparaíso de Goiás, Pábio Mossoró (MDB), alegou em entrevista que o problema do Setor de Chácaras Anhanguera, por exemplo, é culpa das gestões anteriores a sua, o que as previsões orçamentárias estabelecidas em Lei desmentem.
Além de ser ele próprio um desses antecessores, já que está em seu segundo mandato, após ser reeleito, as Leis Orçamentárias Anuais (LOA) dos últimos dezesseis exercícios apontam que Mossoró foi disparado o gestor valparaisense com os maiores volumes de recursos, capaz de investimento nas obras estruturantes necessárias.
Comparando os últimos três governos completos, o emedebista teve em seu primeiro mandato mais que o dobro do orçamento previsto nas gestões de Lêda Borges (PSDB) e Lucimar (PT) somados.
Entre 2009 e 2012 as Leis Orçamentárias estimaram R$ 613,47 milhões para execução da peessedebista, já entre 2013 e 2016, a petista teve R$ 1,56 bilhão estipulados nas LOAs. Do outro lado, Pábio contou com R$ 2,39 bilhões previstos para custeio e investimentos entre 2017 e 2020.
Reeleito, o emedebista também conta com a vantagem de ter o dobro do tempo que todos os ex-prefeitos tiveram individualmente para investir na cidade. Só nos três primeiros anos deste segundo mandato, Mossoró já contabiliza mais R$ 1,66 bilhão em orçamento previsto para os anos 2021, 2022 e 2023.
Mesmo com os valores tão superiores, Pábio não construiu, por exemplo, nenhuma escola nova na cidade, apenas finalizou unidades financiadas com recursos federais, capitados ainda pela então prefeita Lêda Borges em 2011 e ainda é criticado pela população por atrasar obras de manutenção ou ampliação das unidades existentes.
Recentemente, a despeito dos orçamentos recordes, Pábio Mossoró contratou em nome da prefeitura um empréstimo de R$ 70 milhões junto ao Banco do Brasil, dos quais destinou R$ 62 milhões para obras de infraestrutura em apenas quatro trechos do Setor de Chácaras Anhanguera que começaram e já estão paralisadas, produzindo um endividamento também recorde entre todas as cidades da região, que deverá ser pago em 10 anos.
O Setor de Chácaras Anhanguera é o bairro mais adensado da cidade, com cerca de 50 mil moradias, e completamente desprovido de infraestrutura, o que irradia problemas para vários outros bairros de Valparaíso.
Questionado sobre suas alegações de que gestores anteriores seriam culpados pela falta de infraestrutura no bairro, em contraste com os orçamentos volumosos previstos para seus anos de governo, a assessoria de comunicação da prefeitura comandada por Pábio Mossoró não retornou ao Jornal.
Confira as Leis Orçamentária entre 2008 e 2022:
2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017, 2018, 2019, 2020, 2021, 2022.
