Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, ignorou as ameaças feitas pela China nos últimos dias e desembarcou em Taipé, capital de Taiwan, nesta terça-feira (2).

Foto: Reprodução (Nazri Rapaai / Malaysia Departament of Information / Agence France-Presse)
Segundo ela, o compromisso dos EUA com uma Taiwan democrática é mais importante do que nunca. "A visita de nossa delegação do Congresso a Taiwan honra o compromisso inabalável dos Estados Unidos em apoiar a vibrante democracia de Taiwan"
, disse Pelosi em comunicado divulgado logo após o seu desembarque no país.
"A solidariedade da América com os 23 milhões de habitantes de Taiwan é mais importante hoje do que nunca, pois o mundo enfrenta uma escolha entre autocracia e democracia"
, completou
Em represália à visita da norte-americana, aviões de guerra chineses Su-35 sobrevoam o Estreito de Taiwan, como informou a mídia estatal chinesa.
O Ministério das Relações Exteriores da China condenou a visita e, em um comunicado divulgado logo após o desembarque, disse que a situação afeta severamente as bases políticas das relações entre China e EUA. O governo chinês relata ainda ter apresentado um forte protesto aos Estados Unidos.
Mais cedo, a China já havia enviado um recado afirmando que o governo dos EUA “pagará o preço” pela visita de Nancy Pelosi. “Os Estados Unidos carregarão essa responsabilidade e pagarão o preço por minar a soberania e segurança da China”
, disse Hua Chunying, porta-voz do ministério das Relações Exteriores da China.
Também nesta terça, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, disse que os políticos norte-americanos que “brincam com fogo” na questão de Taiwan “não terão um bom fim“, de acordo com uma declaração do ministério.
A agenda de Pelosi em Taiwan inclui um encontro com a presidente Tsai Ing-wen já nesta quarta-feira, 3, segundo a imprensa local.
Casa Branca: EUA não serão intimidados pela China
Na segunda-feira, 1º, a Casa Branca admitiu prever que a China intensifique nos próximos dias sua resposta sobre a visita da presidente da Câmara a Taiwan, mas ressaltou que os EUA “não serão intimidados“.
As ações da China podem incluir o lançamento de mísseis perto de Taiwan, atividades aéreas ou navais em larga escala ou outras “reivindicações espúrias“, afirmou o porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, a repórteres.
"Nós não vamos morder a isca ou nos envolver em ameaça de guerra. Ao mesmo tempo, não seremos intimidados"
, afirmou.
Kirby disse que nada sobre a viagem de Pelosi muda a política dos EUA em relação a Taiwan, e que Pequim estava bem ciente de que a divisão de poderes dentro do governo dos EUA significa que Pelosi tomaria suas próprias decisões sobre a visita.
"A presidente da Câmara tem o direito de visitar Taiwan, e um presidente da Câmara já visitou Taiwan antes, sem incidentes, assim como muitos membros do Congresso, incluindo este ano"
, disse Kirby.
"Não há razão para Pequim transformar uma potencial visita consistente com a política de longa data dos EUA em algum tipo de crise ou conflito, ou usá-la como pretexto para aumentar a atividade militar agressiva dentro ou ao redor do Estreito de Taiwan"
, completou.
Tensão diplomática
Quatro navios de guerra dos Estados Unidos, incluindo um porta-aviões, foram posicionados em águas a leste de Taiwan, no que a Marinha dos EUA chamou de destacamentos de rotina nesta terça-feira, em meio à irritação chinesa sobre a visita de Nancy Pelosi à ilha.
O porta-aviões USS Ronald Reagan havia transitado pelo Mar do Sul da China e estava atualmente no Mar das Filipinas, ao leste de Taiwan e das Filipinas e ao sul do Japão, disse um oficial da Marinha dos Estados Unidos à Reuters.
O Reagan, baseado no Japão, está operando com um cruzador de mísseis guiados, USS Antietam, e um destróier, USS Higgins. “Embora eles sejam capazes de responder a qualquer eventualidade, estas são implantações normais e rotineiras”, disse o oficial, que falou sob a condição de anonimato.
Em meio a essas tensões, aviões chineses voaram perto da linha mediana que divide a via navegável na manhã de terça-feira e vários navios de guerra chineses permaneceram perto da linha divisória não oficial desde segunda-feira, informou uma fonte à Reuters.
A fonte disse que as aeronaves chinesas conduziram repetidamente movimentos táticos de “tocar” brevemente a linha mediana e circular de volta para o outro lado do estreito enquanto as aeronaves taiwanesas estavam em alerta nas proximidades –um movimento que eles descreveram como provocador.
O Ministério da Defesa de Taiwan disse em comunicado que tem total conhecimento das atividades militares perto de Taiwan e enviará forças apropriadamente em reação a “ameaças inimigas“.
Os Ministérios da Defesa e das Relações Exteriores da China não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.
Fonte: Reuters