A decisão inédita do governo de apoiar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra a Petrobras, uma estatal que ele próprio controla e nomeia seus dirigentes, não convenceu a classe dos caminhoneiros, que continua a ver nos gestos do presidente Jair Bolsonaro apenas novas formas de jogar o assunto para frente, com vistas ao calendário eleitoral.

Em nota emitida nesta terça-feira (21), o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como Chorão, voltou a criticar as ações do governo, que segundo ele, são tardias, por isso ineficazes:
“A grande falha e incompetência do governo Bolsonaro foi não ter reestruturado a Petrobras e suas operações no início do governo, de não ter dado início a mudanças estruturantes na empresa, e o principal de não ter cumprido suas palavras com os caminhoneiros”, disse o líder da categoria.
Segundo Landim, “Bolsonaro mentiu e agora quer colocar a categoria e o povo brasileiro contra a Petrobras”, numa estratégia apenas eleitoral.
Ex-aliado do Bolsonaro, o deputado Nereu Crispim (PSD-RS) afirma que a intenção do governo, com a proposta da CPI da Petrobras, é de apenas "fazer uma cortina de fumaça"
sobre o assunto, porque, em sua análise, não haveria real motivação de mudar as regras de comercialização da empresa.
Prova de sua afirmação, seria que o próprio parlamentar, que é coordenador da frente parlamentar mista do caminhoneiro, já havia proposto uma CPI na Petrobras em setembro de 2021, mas não teve apoio da base governista. Em março deste ano o parlamentas voltou a protocolar um novo pedido de investigação sobre a cadeia de formação de preços da petroleira, sem sucesso junto aos colegas bolsonaristas novamente.
"Por favor, presidente, não duvide de nossa inteligência, estamos do lado da verdade, e não da mentira"
, afirma a Abrava, em sua nota.