A isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês no Brasil é destaque na imprensa francesa. Gabriel Zucman, economista que propõe o aumento da tributação dos ultrarricos na França, também se manifestou sobre a reforma promovida pelo governo Lula.

O jornal econômico francês Les Echos informa que a reforma fiscal era uma das principais promessas do presidente brasileiro. Ela foi aprovada na quarta-feira (1°) por unanimidade pela Câmara dos Deputados.
Atualmente, apenas quem ganha até R$ 3 mil está isento do imposto de renda no Brasil. A nova medida amplia o número de contribuintes beneficiados: cerca de 16 milhões de brasileiros deixarão de pagar imposto de renda em 2026, caso a proposta seja aprovada também pelo Senado.
Segundo Les Echos, Lula classificou a reforma como "o primeiro sinal de justiça fiscal neste país", reforçando seu compromisso com a justiça social.
Para compensar a isenção, a proposta estabelece uma alíquota mínima de 10% de imposto de renda sobre dividendos, que pode atingir cerca de 141,4 mil contribuintes com renda anual superior a R$ 600 mil. Essa é "uma mudança significativa em um país onde os rendimentos dos mais ricos escapavam da tributação", destaca o jornal.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, celebrou a mudança, afirmando que o país "começa a atacar suas desigualdades inaceitáveis", conforme citado pelo Les Echos. O jornal salienta que o país ainda está longe de adotar a taxa Zucman, defendida por Lula.
Economista celebra reforma no Brasil
A proposta foi elaborada pelo economista francês Gabriel Zucman e sugere a adoção de um imposto mínimo sobre o patrimônio dos milionários. Na França, ele defende uma taxa de 2% para os contribuintes com renda anual superior a € 100 milhões, um assunto que têm causado intensa polêmica no país nas últimas semanas.
Após a aprovação das modificações no Brasil, o próprio Zucman parabenizou em uma mensagem nas redes sociais o que considerou “uma reforma tributária crucial” do governo do petista.
"É um passo fundamental para um sistema tributário mais equitativo. Isso era muito necessário em um país onde a desigualdade de renda está entre as mais altas do mundo e os super-ricos estão entre os menos tributados, como destaca nossa pesquisa", complementou o especialista em tributação.
"Seja no Brasil, em Nova York (com Z. Mamdani), na França (imposto mínimo para os super-ricos aprovado pela Assembleia Nacional), no Reino Unido (que eliminou o regime de não-domiciliação), estamos testemunhando o início de um movimento global para tributar efetivamente os super-ricos. A maré está mudando", celebrou o economista.