A disparada no preço da gasolina e dos alimentos fez a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) atingir a maior alta em 21 anos para o mês de agosto. O avanço de 0,87% no índice superou as estimativas mais pessimistas dos analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast.
No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA saltou para quase 10%, sendo que em oito cidades pesquisadas já ultrapassa a marca dos dois dígitos de inflação.
Com esse resultado, os economistas estão revisando as previsões de inflação para o ano e elevando as estimativas para a taxa de juros, ferramenta usada pelo Banco Central para tentar conter a alta de preços.
“O mercado já está dando como certo que o Banco Central vai acelerar o ritmo de alta (dos juros)“, disse o estrategista-chefe do Banco Muziho do Brasil, Luciano Rostagno. Antes da divulgação do IPCA, as apostas miravam uma alta 1 ponto porcentual na próxima reunião do Copom, nos dias 21 e 22. Agora, muitos analistas já falam em alta de 1,25 ponto.
O resultado do IPCA mostra que a inflação está cada vez mais disseminada. A difusão do indicador é a maior desde 2020 e subiu de 64% para 72% na passagem de julho para agosto. Segundo o IBGE, a alta do dólar influencia o encarecimento de combustíveis, enquanto a crise hídrica provoca um aumento na energia elétrica. Os alimentos também estão mais caros, sob pressão tanto das exportações quanto de problemas climáticos, como geada e estiagem.