Áudios e mensagens vazados apontam a negociação para a compra de uma sentença favorável aos líderes do Partido Republicano da Ordem Social (Pros) com menção à participação de Flávio Bolsonaro (PL), filho do presidente, e de Karina Kufa, advogada da família Bolsonaro.
O conteúdo, obtido e divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo, indica uma tentativa da cúpula do partido de comprar por cerca de R$ 5 milhões uma sentença favorável do desembargador Diaulas Costa, da segunda instância, no Tribunal de Justiça do Distrito Federal, em 2021.
A sentença diz respeito à disputa de comando entre dois grupos do partido, que se partiu após uma série de escândalos envolvendo acusações de corrupção.
Com a decisão favorável, o fundador do partido, Eurípedes Jr., foi desbancado por Marcus Holanda, que assumiu a presidência da sigla.
Questionado, o desembargador disse que jamais recebeu qualquer proposta criminosa.
Áudios citam Flávio Bolsonaro
Foi enquanto o processo ainda estava em andamento, em 2021, que os nomes do filho do presidente e da advogada da família foram citados, mesmo que nenhum dos dois tenha participado das conversas vazadas.
Em um áudio de WhatsApp do segundo semestre de 2021, o atual presidente do Pros, Marcus Holanda, fala para um colega de partido sobre as chances de eles tomarem o comando da sigla, que ainda estava na mão de Eurípedes Jr.
"A Karina Kufa me levou na reunião e sentou eu, ela e o Flávio Bolsonaro, então eles têm interesse. (...) Além disso, tem um contrato que assinei lá, absurdo lá, com ela. Então vão ganhar dinheiro e vão ganhar força política e espaço político. Então eles têm interesse, total. Por isso, eles estão com a gente, senão não estariam. E ainda tem a desembargadora federal [não cita o nome], muita gente", disse Marcus no conteúdo vazado.
Naquela época, Jair Bolsonaro estava à procura de um partido depois de fracassar na fundação do Aliança pelo Brasil. Após negociação com várias siglas, ele fechou com o Partido Liberal (PL) no fim do ano.
Procurado pela reportagem, Flávio Bolsonaro não se manifestou. Karina Kufa, por sua vez, confirmou a reunião, mas disse que os entendimentos sobre a filiação de Bolsonaro não prosperaram, que não houve assinatura de contrato ou pagamento, e que não houve conversa acerca de influência indevida sobre magistrados.
"Desconheço qualquer negociação. Não tenho qualquer vínculo com o Pros, aliás, nunca tive. Em 2020 e 2021, falei com diversos partidos, mas todas as conversas foram dentro da normalidade", disse Kufa.
Conteúdo: Terra
