Fernanda Montenegro, 92 anos, nova imortal da Academia Brasileira de Letras, criticou o presidente Jair Bolsonaro no Fantástico deste domingo (07).
A repórter Sônia Bridi destacou trecho de carta enviada pela atriz ao então presidente José Sarney, o primeiro civil a ocupar o Palácio do Planalto após o fim da ditadura militar, quando ela recusou convite para ser ministra da Cultura.
“Pobre do País cujo governo despreza, hostiliza e fere seus artistas. Esse Brasil acabou”, leu a jornalista. “Não acabou”, corrigiu Fernanda. “Nós estamos numa hora trágica. É um momento tão pesado, sabe? Mas vai acabar. Uma hora acaba.”
Bridi questionou se a atriz vê paralelo entre a hostilidade contra a cultura no atual governo e a repressão aos artistas no tempo de ditadura: “É pior, porque (agora) veio pelo voto. Há uma organização política, tradicional, que opta por essa calamidade, essa tragédia. Acho que em todo governo de força (não convencimento), a primeira coisa é estrangular a cultura das artes“, respondeu Fernanda.
Na sequência, a repórter da Globo perguntou se há uma saída e a artista destaque na TV, no cinema e no teatro cravou: “O tempo“.
“O Brasil provou que não pode ter reeleição presidencial. Foi comprovado que a reeleição presidencial exige compra, venda e aluguel do poder político“, completou Fernanda Montenegro.
A atriz revelou sentir um desassossego com a realidade as vezes: “Às vezes eu tenho a impressão que temos um País lá em Brasília que coloniza o Brasil aqui embaixo“, disse.
Não é a primeira vez que Montenegro se manifesta contra o Bolsonaro. Ela tem feito críticas recorrentes, como aconteceu em outubro de 2019, no programa ‘Conversa com o Bial’, também na Globo.
“Nossa política, às vezes, é tão agressiva, ligada a uma censura ideológica, política, religiosa“, reclamou na ocasião. “A censura maior está na cultura das artes porque (certos políticos) têm medo da liberdade de expressão. Sem liberdade de expressão não há arte nenhuma. Nada, nada, nada.“
A poucos dias, Fernanda Montenegro também disse que não aprova a possível volta de Lula à Presidência.