A sete anos no comando da cidade, o prefeito de Valparaíso de Goiás, Pábio Mossoró (MDB), estaria experimentando o pior “inferno astral” em sua base aliada devido a perspectiva de mudança no poder no município.
Com uma crescente desaprovação popular, impulsionada por suspeitas de corrupção recorrentes, obras alegadamente mal feitas e/ou inacabadas e paralisadas, mesmo após o desembolso de milhões de Reais, o que gera questionamentos sobre o paradeiro de tanto dinheiro que estaria saindo dos cofres públicos sem produzir benefício ou qualidade de vida para a população, a capacidade de manter o poder do prefeito é uma dúvida crescente entre os seus.
Essa incerteza, segundo um pabista, estaria causando uma “desorganização generalizada no grupo político, chegando ao desespero em algumas pessoas”.
"O Pábio não está conseguindo se descolar dos casos de corrupção, isso está ficando nele feito sovaqueira, ele fez alguma coisa errada que nem um caminhão de dinheiro está dando para ele fazer as obras e a escolha do 'Cinquentinha' para sucessor deixa a turma sem esperança", disse um aliado de Pábio Mossoró ao Jornal na condição de anonimato.
“Cinquentinha” é um apelido popular dado ao secretário de infraestrutura municipal, Marcus Vinícius, que hoje está em praticamente todos os compromissos e fotos de Mossoró. Ele chegou a ter o mandato de vereador cassado em um processo de investigação sobre compra de votos no valor de R$ 50. Transação que teria sido gravada e entregue ao Ministério Público Eleitoral na denúncia. Pesa também contra o aparente escolhido pelo prefeito, um processo de fraude em licitação onde, de acordo com o Ministério Público, ele mesmo teria falsificado assinaturas para forjar uma concorrência inexistente.
Entre os tantos pré-candidatos à sucessão anunciados como trunfo por Mossoró, a deputada Zeli (UB) parece ter sido retirada de vez do páreo, já que o processo de cassação do seu mandato, do qual é alvo, é tido como inevitável. A secretária de educação, Rudilene Nobre, por outro lado, não estaria conseguindo apoio nem em meio à sua categoria, os professores.
Ainda há o secretário de desenvolvimento econômico, Antônio Reis (PSB), e o vereador Plácido Cunha, que estariam se aproximando do grupo da deputada Lêda Borges (PSDB). A baixa mais sentida até aqui seria a do secretário de desenvolvimento social, vereador Zé Antônio (MDB), que está com tudo encaminhado para migrar para o PL, por onde pode ser candidato a prefeito de oposição, com o apoio da parlamentar.
Afrânio Pimentel (PP) tem sido completamente ignorado por Mossoró na disputa pela prefeitura e corre risco de receber do gestor uma chapa que inviabilize até uma eleição para vereador, como aconteceu em 2020 com os então parlamentares, candidatos à reeleição, Zeca, Brandão e Maria do Monte, ambos do MDB do prefeito.
"Quem diz ter muito acaba não tendo nada, e parece que o prefeito já escolheu o 'Cinquentinha' (Marcus Vinícius), e se for ele mesmo, eu, meu tio, minha esposa, minha tia, nós vamos ter que vestir a cara de pau e ir atrás da deputada (Lêda Borges) para voltar para onde não devíamos ter saído", comentou o apoiador de Pábio Mossoró.
Para piorar a situação do atual gestor valparaisense, corre aos quatro cantos da cidade o boato de que a prefeitura estaria em sérias dificuldades financeiras, tendo que fazer malabarismos contábeis para não chegar na ponta a falta de pagamento, por exemplo, para a merenda escolar, empreiteiras e fornecedores da saúde.
A implosão do grupo pabista também reflete na Câmara Municipal, onde o gestor teoricamente teria uma maioria de 12 em 13 vereadores. Entre eles as brigas tem sido constante, com Alceu Gomes sendo, inclusive, sendo chamado de “covarde” e “vaselina” por outro colega da base. Algum deles já teriam batido na porta da oposição e estariam com tratativas bem adiantadas para mudar de rumo.
"A gente tinha a ideia de chegar nesse momento em melhores condições, mas tudo derreteu de repente", concluiu o pabista.
