Ministro estava sendo pressionado pelo partido e entregou o cargo ao presidente Lula

O ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil), apresentou sua carta de demissão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta sexta-feira (26).
A saída foi formalizada após decisão da executiva nacional do União Brasil, que, no dia 18 de setembro, determinou que todos os filiados ocupando cargos no governo federal deixassem seus postos em até 24 horas, sob pena de expulsão por infidelidade partidária.
Sabino, deputado federal licenciado pelo Pará, comunicou a decisão a Lula em reunião no Palácio da Alvorada no último dia 19.
Ele pediu para cumprir agendas prioritárias, como a participação na Festa do Sairé, no Pará, e compromissos ligados à ONU Turismo, antes de oficializar a saída.
A demissão foi confirmada após o retorno do presidente de Nova York, onde participou da Assembleia Geral da ONU.
O União Brasil fortaleceu a decisão de desembarcar do governo após reportagens que associaram o presidente do partido, Antonio Rueda, a investigações da Polícia Federal sobre suposta infiltração do PCC em setores da economia. Rueda negou qualquer envolvimento.
Sabino, considerado um dos principais aliados do governo dentro da sigla, resistiu inicialmente à ordem do partido. Ele tentou negociar alternativas como uma licença partidária ou migração para o MDB, com o objetivo de manter-se no ministério e pavimentar uma candidatura ao Senado pelo Pará em 2026 com apoio do presidente Lula. As tratativas, porém, não avançaram.
Para evitar sanções internas, Sabino acabou acatando a determinação da legenda.
Antes da saída, o ministro buscou concluir compromissos considerados estratégicos.
Após reunião com Lula no dia 19 de setembro, ele solicitou permanecer no cargo por alguns dias, participando da Festa do Sairé, no Pará, e de agendas internacionais ligadas à ONU Turismo, onde preside o conselho executivo.
Sabino deixa a a pasta em um momento sensível, onde o Ministério do Turismo tem papel central na preparação da COP30, conferência do clima que será realizada em novembro de 2025 em Belém, no Pará.
O ministro atuava como principal articulador político do governo para o evento e defendia iniciativas voltadas à atração de turistas, como a criação de ferramentas de comparação de preços de hospedagem.
A mudança representa a 13ª troca ministerial desde o início do governo Lula, em janeiro de 2023.
O União Brasil, a pesar da ruptura, mantém, por ora, o comando dos ministérios das Comunicações e de Integração e Desenvolvimento Regional, mas que são indicações pessoais de Davi Alcolumbre.
Entre os cotados para deixar a Esplanada ainda há André Fufuca, atual ministro do Esporte, que é filiado ao PP, que a poucos dias passou a integrar uma federação justamente com o União Brasil.
Sabino diz que não queira deixar o ministério
Sabino afirmou que sua intenção era permanecer à frente da pasta, mas respeitou a decisão partidária.
“Tive uma conversa hoje com o presidente da República, em virtude da decisão do partido ao qual eu sou filiado tomou, de deixar o governo, e vim hoje aqui cumprir o meu papel. Entreguei ao presidente a minha carta e o meu pedido de saída do Ministério do Turismo, cumprindo a decisão do meu partido” , afirmou.
Ele classificou sua gestão como de “balanço positivo” e agradeceu o período em que esteve no cargo.
“A minha vontade clara é continuar o trabalho que a gente vem fazendo. A gente tem um trabalho de diálogo mantido e, hoje, o presidente sinalizou com essa possibilidade de ampliar esse diálogo junto com o partido União Brasil para gente ver quais serão as cenas dos próximos capítulos” , completou.