A cabeleireira Géssica Gomes dos Santos, de 31 anos, denuncia que o vídeo publicado nas redes sociais, onde ela apareceria em cenas de sexo durante um show da dupla sertaneja Henrique e Juliano em Goiânia, na realidade se trata de um estupro e que as imagens são a exposição de um crime.

Foto: Reprodução (Arquivo pessoal)
Mãe de duas crianças, uma de 7 e outra de 15 anos, a mulher contou ao g1 que não se lembra de nada do que aconteceu e que descobriu que havia sido abusada porque recebeu o vídeo do crime no dia seguinte ao evento, enviado por uma pessoa no intuito de avisá-la.
“Eu lembro de estar bebendo cerveja, depois de uma luz no meu rosto e de falar 'apaga a luz', mas não tinha noção do que estava acontecendo, muito menos de que tinha alguém filmando"
, relatou ela, que completa com um desabafo:
"Minha vida não é mais a mesma depois dessa exposição toda. Eu quero expor a minha versão"
.
De acordo com Géssica, o vídeo que mostra ela sendo abusada foi repassado junto a um relato de que ela e o marido ganhariam uma garrafa de uísque em troca de sexo. No entanto, ela afirma que essa versão não é verdadeira e que não se lembra de nada do que aconteceu, suspeitando que tenha sido dopada.
Ela contou que a família inteira foi afetada pela divulgação das imagens e por essa versão que foi divulgada na internet, ela não sabe por quem.
A cabelereira contou que estava com o marido e que ele também não tem nenhuma memória do que aconteceu. Segundo ela, o esposo também tem sido alvo de chacota e, mesmo estando no local com ela, não teve nenhuma reação porque não entendia o que estava acontecendo.
“Eu jamais faria uma coisa dessas, nem uísque eu bebo. Meu marido também nunca deixaria isso acontecer. Quem filmou e enviou o vídeo divulgou [meus perfis nas redes sociais] e meu número”
, contou.
Géssica disse que mensagens de pessoas julgando a atitude divulgada, criticando-a, que perdeu clientes no salão de beleza e pessoas começaram a ir pessoalmente ao local de trabalho dela para fazer “piada”. Por isso, ela não está conseguindo ir trabalhar.
Dificuldade para denunciar:
A cabeleireira disse que soube do abuso e do vídeo no dia seguinte ao show, 6 de junho. Ela contou que, no outro dia, uma terça-feira, ela foi ao 1º Distrito Policial de Aparecida de Goiânia, cidade em que ela mora, na Região Metropolitana da capital de Goiás, mas não foi bem atendida.
"O homem que me recebeu disse que não valia a pena registrar, que logo as pessoas iam esquecer, que eu ia acabar me expondo mais, então voltei para casa. Mas a situação só piorava, cada dia mais gente publicava esse vídeo"
, Relatou.
Géssica disse que na outra segunda-feira (13) voltou à delegacia e contou à Polícia Civil tudo que aconteceu, registrou um boletim de ocorrência sobre a divulgação das imagens, mas que foi orientada a ir à Delegcia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Goiânia.
“Fiquei horas lá esperando para ser atendida, até que me falaram que a delegada que ia me ouvir teve que ir embora, pegaram meu telefone, falaram que iam me ligar, mas não recebi retorno deles”, explicou.
Ao G1 Polícia Civil informou que "a vítima foi regularmente atendida e registrou ocorrência dias depois do fato"
. Também de acordo com a pasta, "foi instaurado inquérito para apurar o crime de divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia"
.
Após a exposição, Géssica diz que agora só quer tentar retomar a vida.
"Ninguém veio me perguntar se era verdade o que estavam dizendo sobre mim. Todo mundo me julgando, não aguento mais essas piadinhas, está afetando demais a mim, minha família, meu serviço"
, disse.
Fonte: G1