A corretora XP Investimentos cancelou a divulgação de uma pesquisa de intenção de voto após receber ataques e perder recursos, retirados de suas contas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) descontentes com os resultados.

Os últimos levantamentos mostravam o ex-presidente Lula (PT) com ampla vantagem sob Bolsonaro (PL). Segundo a coluna de Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, os ataques pioraram após a publicação de uma pesquisa que apontava que 35% dos eleitores consultados consideram Lula um candidato mais honesto do que Bolsonaro.
A aferição mais recente, que seria divulgado nesta sexta-feira (10), chegou a ser registrada no TSE sob o número BR-06295/2022, porém a XP solicitou a retirada do registro.
Para tentar reduzir os ataques que vem sofrendo, a corretora passará a divulgar as pesquisas mensalmente, e não semanalmente, como estava ocorrendo.
De acordo com Mônica Bergamo, a XP passou a receber ataques de bolsonaristas nas redes sociais. Até um dos filhos do presidente Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), endossou as críticas, ironizando as pesquisas.
Os efeitos também foram sentidos no bolso. Clientes, principalmente com ligação com o agronegócio, estão retirando alguns de seus investimentos junto à corretora, outros chegaram a fechar suas contas .
Há também relatos de que ministros de Bolsonaro entraram em contato com a XP reclamando das pesquisas, e alguns acionistas da corretora têm feito questionamentos internos.
Procurada pela coluna do jornal, a corretora divulgou a seguinte nota:
"A XP nega que a pesquisa será cancelada e ratifica que contrata diversos tipos de pesquisas de diferentes institutos com o intuito de auxiliar seus clientes a tomarem as melhores de decisões sobre investimentos. A realização das pesquisas terá periodicidade mensal, com número de entrevistas ampliado em relação às realizadas nos levantamentos anteriores, oferecendo dessa maneira uma ferramenta ainda mais ampla para que os investidores compreendam o cenário eleitoral e seus impactos no mercado. As próximas pesquisas registradas no Tribunal Superior Eleitoral já estarão adequadas ao novo formato"
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