A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou por unanimidade nesta quarta-feira (13) a aplicação da vacina Coronavac, contra a covid-19, em crianças de 3 a 5 anos de idade que não sejam imunocomprometidas. É a primeira vacina aprovada no Brasil para essa faixa etária.
O pedido para ampliar a faixa etária foi feito pelo Instituto Butantan, que produz a vacina. O imunizante já estava disponível para crianças e adolescentes de 6 a 17 anos, desde janeiro deste ano, e para adultos brasileiros desde janeiro do ano passado.
A Coronavac em crianças de 3 a 5 anos deverá ser administrada em duas doses, com intervalo de 28 dias entre a primeira e a segunda. A formulação da vacina para essa faixa etária será a mesma da aplicada em adultos. Crianças imunocomprometidas, como transplantadas ou em tratamento para câncer, não devem ser vacinadas.
O parecer da Anvisa se pautou em novos estudos científicos que demonstraram eficácia e efetividade da vacina para proteger o público alvo contra hospitalizações. Apesar de lacunas nas evidências, a avaliação é que há indicativos de benefício para uso da vacina em crianças de 3 a 5 anos de idade.
Segundo a apresentação da área técnica da Anvisa, um estudo de efetividade realizado no Chile mostrou 55,06% de efetividade da Coronavac na prevenção da hospitalização de crianças de 3 a 5 anos
Outra pesquisa com dados preliminares, realizada no Chile, Malásia, Filipinas, Turquia e África do Sul, em crianças e adolescentes de 6 meses a 17 anos, indicou eficácia da Coronavac para crianças.
Além disso, segundo a área técnica da Anvisa, a vacina também apresenta baixo volume de reações adversas para a faixa etária pediátrica, a maioria delas leves, como dor no local da aplicação. Não foram registrados óbitos decorrentes da vacinação com a Coronavac em nenhuma faixa etária.
Ainda foram considerados estudos brasileiros em andamento, realizados pela Universidade Federal do Espírito Santo e pela Fundação Oswaldo Cruz que sugerem benefícios da Coronavac para crianças.
"A totalidade das evidências científicas disponíveis sugerem que há indicativos de benefício para a utilização da vacina na população pediátrica"
, indicou a área técnica da Anvisa. A ausência de outras vacinas e tratamentos medicamentosos para essa faixa etária também foi considerada na decisão.
Em seu voto, a diretora Meiruze Freitas, ponderou que “há indícios de que a vacina não confere proteção expressiva contra a transmissão da doença"
. Ainda assim, pontuou Meiruze, "vacinar crianças pode ajudar a evitar que fiquem gravemente doentes”
.
Ela destacou que, “apesar das limitações e incertezas"
quanto à eficácia da Coronavac para evitar que as crianças desenvolvam a doença, “é possível permitir que a Coronavac seja considerada pelos gestores públicos de saúde, médicos e pais como uma estratégia para reduzir os danos da covid-19”
.
“Uma vacina capaz de reduzir risco de doenças nas crianças de 3 a 5 anos e em especial quanto às formas graves, pode contribuir para reduzir os danos e para o controle da doença”
, continuou Meiruze, relatora do processo. Ela ainda lembrou que há circulação de novas variantes da covid-19, com alta transmissibilidade, o que eleva a preocupação sobre pessoas não vacinadas.
Um levantamento realizado pelo Observatório da Primeira Infância, da Fiocruz, identificou a morte de duas crianças menores de cinco anos pela covid-19 por dia no Brasil, desde o início da pandemia. Neste ano, entre janeiro e 11 de junho, houve um total de 291 mortes entre crianças menores de 5 anos.