Defensores atuaram nos julgamentos do Mensalão, com clientes como Delúbio Soares e José Dirceu

Os advogados Celso Vilardi e José Luis Oliveira Lima, que defendem respectivamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o general Walter Braga Netto no julgamento sobre a suposta tentativa de golpe de estado em 2022, já estiveram presentes em outras ações penais de grande interesse público.
Ambos defenderam seus clientes na manhã desta quarta-feira (03), no plenário da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), na fase final de alegações da acusação e das defesas dois oito réus apontados como o “núcleo crucial” de uma organização criminosa que visava manter Bolsonaro no poder, após a derrota nas eleições.
Defesa de políticos do PT
Antes de defender os atuais réus, os dois advogados acumularam experiências em casos de grandes repercussões com réus de outro viés político. Celso Vilardi é professor de Direito Penal Econômico na FGV e tem mais de 30 anos em grandes casos.
Ele foi advogado do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, acusado no processo do Mensalão por corrupção ativa, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Em 2012, o STF o condenou a oito anos e 11 meses de prisão.
Vilardi conta ainda com atuações na defesa de executivos da empreiteira Camargo Corrêa, na ação que resultou na anulação da Operação Castelo de Areia, representou a Andrade Gutierrez em processos ligados à Operação Lava Jato e advogou para o empresário Eike Batista. Mais recentemente, integrou a defesa no caso envolvendo a fraude contábil das Lojas Americanas.
José Luis Oliveira Lima, por sua vez, esteve na defesa de José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil no primeiro governo Lula, também julgado no Mensalão por corrupção e formação de quadrilha. Ele foi condenado a 10 anos e 10 meses de prisão.
O advogado também defendeu Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, e o doleiro Alberto Youssef, ambos alvos da Lava Jato, além de advogar para o ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, denunciado por assédio sexual.
Mensalão
O caso do Mensalão, em que os dois advogados atuaram, foi um esquema de corrupção revelado em 2005, em que políticos e ministros do governo teriam comprado apoio político no Congresso. Segundo a denúncia, parlamentares recebiam pagamentos regulares em troca de votos favoráveis a projetos de interesse do Executivo — de onde originou o nome “mensalão”.
As verbas teriam sido desviadas em contratos públicos, operações financeiras irregulares, bancos e grandes empresas. O julgamento foi iniciado em 2012 e resultou na condenação de dirigentes do PT, empresários e ex-ministros do governo.